COLETIVA COM O PREFEITO GUSTAVO FRUET Foto: Franklin de Freitas

O prefeito Gustavo Fruet (PDT) anunciou hoje que define até sexta-feira, o reajuste da tarifa de ônibus de Curitiba, e que o valor cobrado do usuário deve passar de R$ 3,00, contra os R$ 2,85 cobrados atualmente. Fruet afirmou ainda que se não houver acordo com o governo do Estado para a manutenção do subsídio nos níveis atuais, não haverá como manter a tarifa única cobrada hoje nos 13 municípios da Rede Integrada de Transporte.

Segundo o prefeito, até agora o governo do Estado tem afirmado que por conta da crise financeira que vive, não tem como manter o subsídio nos níveis implantados em 2012, de R$ 64 milhões anuais, e insiste em reduzir o valor para R$ 27 milhões. Nessas condições, afirma Fruet, não há como manter a integração financeira do sistema, e a alternativa é que o Estado passe a fazer diretamente o pagamento às empresas metropolitanas, enquanto a prefeitura passaria a fazer o pagamento apenas das empresas que operam em Curitiba.

“A informação do governo do Estado é que ele passa por uma crise financeira e não tem recursos para renovar o subsídio nos níveis anteriores”, disse Fruet, explicando que as empresas querem o aumento da tarifa técnica dos atuais R$ 3,18 para R$ 3,60 ou R$ 3,80, o que exigiria um subsídio anual de R$ 80 milhões.

Diante desse cenário, a tendência é que sem um acordo com o governo, a prefeitura defina na sexta-feira as novas tarifas social e técnica dos ônibus que circulam na Capital, ficando para o governo do Estado definir a tarifa dos ônibus que operam nos demais municípios da região metropolitana. Fruet alega que tem que definir esses valores até sexta-feira, porque o contrato prevê o reajuste anual em 1º de fevereiro. Além disso, fevereiro é o mês que a data-base de motoristas e cobradores impõe para o reajuste salarial da categoria.

O prefeito atribui a paralisação de dois dias do transporte na Capital a um “locaute” das empresas para pressionar pelo aumento da tarifa técnica, paga a elas pela Urbs. Segundo ele, o atraso de R$ 5 milhões no pagamento do subsídio pelo governo do Estado é expressivo, mas não justifica o atraso no pagamento do adiantamento salarial dos trabalhadores pelas empresas. “R$ 5 milhões é dinheiro, é um valor expressivo, mas em um setor que movimenta quase R$ 1 bilhão por ano, deveria ter sido provisionado. Ou é pressão para aumento da tarifa técnica muito acima da inflação”, avaliou.

Fruet não quis atribuir o impasse ao interesse político do governo do Estado em desgastá-lo com vistas às eleições municipais de 2016. “A última coisa que eu posse pensar nesse momento é em projeto eleitoral”, alegou. O prefeito, porém, por diversas vezes, lembrou que o subsídio foi implantado em 2012, ano eleitoral, quando o então prefeito Luciano Ducci (PSB) era candidato à reeleição com o apoio do governador Beto Richa (PSDB). E atribuiu a crise no sistema a falhas na licitação conduzida por Richa e Ducci, e concluída em 2010. “Não vamos alimentar intriga, entrar em provocação. Meu papel é segurar a pressão, entender que ela existe, mas não ceder a chantagem”, disse, afirmando que não se pode reduzir a discussão a “um mero embate político”, já que haveria também um “embate econômico”.