SESSAO ASSEMBLEIALEGISLATIVA VALQUIR Foto: Valquir Aureliano

Com o plenário ocupado por manifestantes contrários ao pacote de corte de gastos do governo, os deputados estaduais fizeram hoje uma sessão no refeitório da Assembleia Legislativa, no quinto andar do prédio onde fica o setor administrativo da Casa. Apenas parlamentares e a imprensa puderam entrar no local, fortemente cercado por policiais da tropa de choque.

Pela manhã, 45 deputados já haviam participado de outra sessão convocada pelo presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), que na verdade serviu apenas para encerrar a sessão iniciada na terça-feira, e suspensa após a invasão, depois que os parlamentares aprovaram por 34 votos a 19, a transformação do plenário em comissão geral, que permitiria a liquidação da votação dos projetos do Executivo em um único dia, acelerando a tramitação. Pelo regimento interno, o pedido de comissão geral tem que ser apresentado com 24 horas de antecedência e só vale se a votação for feita no dia seguinte. Com a votação dos projetos não foi realizada em razão da invasão, o presidente da Assembleia preferiu realizar nova sessão agora a tarde.

Nela, o líder do governo na Casa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), reapresentou o pedido de transformação do plenário em comissão geral, e Traiano convocou nova sessão para amanhã. A bancada de oposição se recusou a participar da reunião no restaurante da Casa, e também entrou com um mandado de segurança na Justiça contra a votação dos projetos em comissão geral.

O único oposicionista que apareceu foi o deputado Nereu Moura, líder do PMDB na Casa. Ele questionou a presença de policiais armados dentro da Assembleia, o que é proibido pelo regimento interno da Casa. Traiano alegou que se tratava de uma situação excepcional, para garantir a segurança dos deputados, e que os policiais não portariam munição letal, mas apenas armas com balas de borracha. Moura contestou, afirmando ter visto policiais fortemente armados, inclusive com espingardas calibre 12.

“O regimento é claro. Não há exceção. Tem policiais da tropa de choque fortemente armados dentro da Assembleia”, criticou o peemedebista. “É uma vergonha os deputados se reunirem no restaurante da Assembleia”, avaliou Moura. “Temos que entender que é um momento atípico. Temos que ter proteção. Aumentamos a segurança não para confronto, mas para que pudessemos continuar a votação”, disse Traiano.

O presidente da Assembleia também informou que apesar de ter obtido um mandado de reintegração de posse na Justiça, não vai pedir o uso de força policial para a desocupação do plenário. “A Mesa Executiva não vai usar o poder de força para dar continuidade aos trabalhos. Depois, vamos buscar a desocupação através do diálogo na sequência”, afirmou o tucano.