O juiz Juliano Nanuncio, da 3ª Vara Criminal de Londrina acatou denúncia do Ministério Público contra o empresário Luiz Abi Antoun, parente do governador Beto Richa (PSDB), e outras seis pessoas por fraude em uma licitação do Departamento de Transportes (Deto) do governo do Estado. Além de Abi, acusado de chefiar o esquema, passam a serem réus no processo: Roberto Tsuneda, sócio de Abi; Ismar Ieger, considerado “laranja” do empresário na oficina usada para a fraude; Paulo Roberto Midauar, empresário que teria intermediado o contato entre Ieger e o Deto para que a elaboração da licitação fraudulenta; o ex-diretor do Deto, Ernani Augusto Delicado; e o advogado de Abi, José Carlos Lucca; além de Ricardo Baptista da Silva.

O juiz deu dez dias de prazo para a apresentação da defesa. Luiz Abi Antoun foi preso pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Londrina, no dia 16 de março, junto com outras três pessoas por participação no esquema de fraude em licitações. Ele foi solto no dia 23 de março após a Justiça conceder um habeas corpus.

O MP-PR denunciou à Justiça, na sexta-feira (27), Luiz Abi Antoun e outras seis pessoas pelos crimes formação de organização criminosa, falsidade ideológica e fraude à licitação. A denúncia faz parte da Operação Voldemort, que investiga um suposto esquema de fraude em licitações para prestação de serviços de manutenção aos veículos oficiais do Estado do Paraná na região de Londrina.

Ainda conforme a promotoria, Antoun coordenou o grupo entre o início de 2013 e março de 2015. Na denúncia, o Gaeco relata que a Oficina Providence Auto Center, de Cambé, no norte do Paraná, contratada emergencialmente, foi constituída em nome de um “laranja” de Abi Antoun.

O MP aponta que, ao fim do contrato emergencial, uma outra empresa venceu a licitação do Governo do Estado para prestar os serviços de manutenção nos automóveis. Para a promotoria, os suspeitos entraram em um acordo com os donos da firma contratada para que a mesma subcontratasse a Providence.

Isso foi feito, de acordo com o MP-PR, para permitir “a continuidade da atividade para a qual a oficina foi contratada emergencial e ilegalmente e, de consequência, a permanência do sistema de enriquecimento ilícito concebido pelo grupo”.

O grupo contava ainda, segundo o inquérito do Gaeco, com o apoio de um empresário, responsável por intermediar o contato entre os denunciados e por fornecer orientação aos demais envolvidos sobre como proceder na consecução dos crimes. Segundo as investigações, um advogado também auxiliava dando suporte jurídico e aparência de legalidade a todos os atos, inclusive com a fabricação de documentos e com a simulação do processo de dispensa de licitação que culminou com a contratação da Providence.