A polêmica sobre o relacionamento extraconjugal do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com a jornalista Mirian Dutra Schmidt ganhou novos contornos, hoje, com a revelação de que a irmã de Mirian, Margrit Dutra Schmidt, seria funcionária fantasma do gabinete do senador José Serra (PSDB/SP). O senador Alvaro Dias (PV) afirmou hoje que demitiu Margrit quando assumiu a liderança de oposição no Senado, em março do ano passado, porque ela não cumpria expediente. Na época, ela estaria lotada no no gabinete da senadora Lucia Vania (PSDB). Depois disso, Serra teria a contratado.

Ela estava à disposição de um gabinete, mas eu fui informado pela (senadora Lucia Vania que ela não estava trabalhando, por isso eu exonerei, disse o senador do Paraná ao jornal Gazeta do Povo.

De acordo com a coluna do jornalista Lauro Jardim, da Veja, Margrit vai diariamente ao gabinete no Senado para registrar o ponto. Segundo a chefia do gabinete da liderança da oposição esse procedimento (de bater o ponto) não estava sendo adotado, aí eu perguntei a senadora (Lucia Vania) se ela (Lucia) tinha interesse em continuar e ela disse que não, então foi feita a exoneração. Depois o senador (José) Serra resolveu contar com o trabalho dela e pediu a nova nomeação, contou Alvaro, que trocou recentemente o PSDB pelo PV.

Serra negou que a funcionária seja fantasma e alegou que ela trabalha de casa. O Senado, porém, proíbe esse tipo de prática. Pelas regras do Senado, ela teria de cumprir o horário de nove horas diárias na Casa. O gabinete do tucano confirmou que ela não registrava presença no local. “Ela trabalha para o senador como consultora. Ele solicita trabalhos e ela produz”, disse o chefe de gabinete de Serra, Marcos Köhler.

Mirian, que foi amante do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso nos anos 1980 e 1990, virou notícia esta semana após dizer, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, que recebia dinheiro do tucano no exterior por meio de um contrato fictício.

Sua irmã Margrit ocupa o cargo em comissão de assistente parlamentar júnior, com remuneração básica de R$ 9.456,13 e salário líquido de R$ 7.353,14 em dezembro de 2015, segundo consta no portal de transparência do Senado. Köhler, porém, não explicou por que não foi formalizada a dispensa de ponto de Margrit, procedimento estabelecido no Senado em 2009.