Deu na Folha de S Paulo

Fioravante Pieruccini, 67, detalhou em delação premiada homologada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) ter feito entregas de dinheiro em shoppings, apartamentos, estacionamentos e hotéis para pessoas ligadas a três políticos: a senadora Gleisi Hoffmann (PT­PR), o deputado federal Nelson Meurer (PP­PR) e o ex­deputado João Pizzolatti (PP­SC).

Os valores, segundo Pieruccini, foram providenciados pelo doleiro Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de propinas na Petrobras. Ele é o terceiro entregador de dinheiro de Youssef que aceitou fazer delação na Lava Jato.

A íntegra de seis depoimentos prestados em fevereiro por Pieruccini –um dos quais foi citado, em parte, em relatório final da PF de março no inquérito que trata de Gleisi– foi tornada pública no dia 13 passado, após decisão do
ministro do STF Teori Zavascki.

Segundo Pieruccini, em 2010 ele foi orientado por Youssef a fazer quatro viagens de São Paulo a Curitiba (PR) para entregar dinheiro à campanha de Gleisi, ex­ministra da Casa Civil (2011­2014). Ele contou ter ouvido de Youssef que os valores “tinham sido acertados com
Paulo Bernardo”, marido de Gleisi e ex-­ministro do Planejamento (2005­ 2011) e das Comunicações (2011­2015), e se destinavam à campanha eleitoral da candidata ao Senado.
Pieruccini disse que as entregas ocorreram em uma sala no PolloShop, localizado na rua Camões, em Curitiba, pertencente ao empresário Ernesto Kugler Rodrigues. Pieruccini levou uma caixa lacrada com a inscrição “P.B./Gleisi”. Na sua frente, segundo o advogado, Kugler contou as notas, em um total de R$ 250 mil, mas fez duas reclamações: o primeiro valor “não dava nem para o cheiro” e a etiqueta da caixa não deveria mais aparecer nas próximas entregas –houve mais três, de mesmo valor, de acordo com ele.