Depois de iniciar a campanha para prefeito de Curitiba com 5% nas pesquisas, e terminar com quase 47% dos votos válidos no segundo turno, vencido por Rafael Greca (PMN), o deputado estadual Ney Leprevost (PSD) já se prepara para vôos mais altos. O PSD nacional, animado pelo fato de que ele foi o candidato mais votado do partido em todo o País, nas eleições de 2016, quer lançá-lo para uma das vagas ao Senado em disputa no Paraná no ano que vem. Ele admite que não descarta essa possibilidade, apesar de preferir inicialmente uma candidatura à Câmara Federal, que seria mais tranquila para quem fez 405 mil votos na Capital.

Eu fui o político mais votado do PSD no Brasil, na última eleição. Há um desejo do PSD nacional de que eu seja candidato ao Senado aqui no Paraná, explica, lembrando que são duas vagas em jogo, o que amplia as suas chances de participação nessa disputa. Eu ainda não bati o martelo, não disse sim para o partido. Meu desejo é mais de ser candidato a deputado federal. Mas eu não descarto a possibilidade de ser candidato a senador, admite.

Leprevost afirma que só não bateu o martelo ainda, porque sua carreira política está mais ligada à Capital. Eu ainda não tenho uma base no interior. Se eu conseguir construir uma base no interior no ano que vem – e eu pretendo viajar bastante este ano pelo interior do Paraná – e houver uma aceitação das pessoas ao meu nome, aí eu posso no ano que vem tomar a decisão de disputar o Senado, afirma.

Passados pouco mais de três meses da eleição para prefeito, o deputado atribui hoje o crescimento de sua candidatura ao desejo da população de renovação, diante do desgaste da política tradicional em razão das constantes crises e escândalos. Acredito que o que fez a diferença naquele primeiro turno foi o desejo das pessoas por uma nova política. Acho que a proposta fazer política de um modo diferente, naquele momento nos ajudou, analisa.

Já no segundo turno, Leprevost atribui a derrota à habilidade da campanha adversária de explorar sua aliança com o PC do B, tradicional aliado do PT – partido majoritariamente rejeitado pelos curitibanos após os escândalos do mensalão e da Lava Jato. O adversário usou bem o PC do B contra nós no segundo turno, e isso assustou uma classe média conservadora que ainda existe em Curitiba, reconhece. Nós também falhamos em não desmentir essa pecha de comunista da maneira adequada. Porque poderia deixar claro que tinha essa coligação, mas deixar um pouco mais transparente o fato de que meus ideais não são ideias de esquerda radical. Eu acho que faltou para nós um pouco de malícia nessa hora para sair dessa sinuca, explica.

 

Independência

Em relação à sua postura na Assembleia Legislativa, Leprevost diz pretender manter-se como um deputado do bloco independente, mesmo após o acirramento de sua relação conflituosa com o governador Beto Richa (PSDB), a quem atribui sua derrota. Eu não acredito que quem me derrotou na eleição foi o Rafael Greca. Eu fui derrotado na eleição pelo governador Beto Richa, que colocou a máquina, os funcionários que têm cargos comissionados, que tem chefias no governo do Estado trabalhando de mangas arregaçadas na última semana de campanha, considera.

Leprevost descarta, porém, se somar à bancada de oposição na Casa. Eu separo bem. O momento de campanha, que é uma hora em que os ânimos estão acirrados com o trabalho de deputado. Como deputado eu não tenho problema nenhum em votar a favor de algum projeto que possa, na minha concepção, ser bom para o Paraná, mesmo esse projeto tendo vindo do governo, aponta. Eu não vou fazer oposição por oposição. Mas também não tenho a mínima condição de ser da base aliada do governo. Isso é uma coisa que não está programada da minha parte, diz o deputado.

 

Ratinho Jr representa o novo

Apesar das dúvidas que cercam o cenário eleitoral para 2018, o deputado estadual Ney Leprevost (PSD) acredita que o secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano, Ratinho Júnior (PSD), tende a ser candidato ao governo. Até porque, avalia o parlamentar, o desejo de renovação da política empurraria o pré-candidato do PSD para esse caminho.

Ele tem consciência de que representa o novo. Tem consciência de que há um desejo dos paranaenses de um nome diferente dos que participam tradicionalmente das grandes decisões políticas do Estado, avalia Leprevost, afirmando que em recente reunião da Executiva Estadual do PSD, sentiu em Ratinho Jr uma decisão muito concreta, muito sólida de percorrer o Paraná todo esse ano como pré-candidato ao governo e de disputar a eleição.

Se ele não for nós vamos avaliar. Eu acredito que ele tem muita vontade de disputar, diz o deputado, afirmando que gostaria muito de poder fazer parte de uma chapa em que Ratinho seja o candidato a governador e ele ao Senado, ambos alinhados com uma mentalidade voltada para uma nova forma de fazer política, diz.