TEMER DEPOIMENTO

Em rápido pronunciamento na tarde de hoje, o presidente Michel Temer (PMDB) garantiu que não pretende renunciar ao mandato, e negou que agido para comprar o silêncio de ninguém, como aponta a delação do dono do grupo JBS, Joesley Batista, que teria gravado o peemedebista dando aval para o pagamento de uma “mesada” ao ex-presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso em Curitiba desde o final do ano passado em Curitiba, pela operação Lava Jato. “Não renunciarei. Repito: não renunciarei. Sei o que fiz. Sei da correção dos meus atos e exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Essa situação de dúvida não pode persistir por muito tempo”, disse Temer, aparentando nervosismo.

“Em nenhm momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Não temo nenhuma delação. Não preciso de cargo público, nem de foro especial”, garantiu.

Temer também negou ter orientado o dono da JBS a repassar dinheiro a seu ex-assessor direto, o deputado federal paranaense Rodrigo Rocha Loures (PMDB) em troca da defesa de interesses da empresa junto ao governo. Rocha Loures foi filmado e fotografado recebendo R$ 500 mil em dinheiro em uma pizzaria de São Paulo. Joesley gravou conversa com o presidente na qual ele orientava o empresário a “falar com o Rodrigo” para resolver pendência da JBS junto ao Conselho de Desenvolvimento Econômico (Cade).

“Houve, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar. Não solicitei que isso acontecesse. E somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário”, disse. “Nunca autorizei que utilizassem o meu nome indevidamente”, afirmou.

Foi a primeira fala de Temer após reportagem do jornal O Globo ter antecipado, na noite de ontem (17), o conteúdo da delação premiada de Joesley e Wesley Batista, do grupo JBS, à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo reportagem do jornal O Globo, em encontro gravado em aúdio, em março deste ano, pelo empresário Joesley Batista, Temer teria sugerido que se mantivesse pagamento de mesada ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e ao doleiro Lúcio Funaro para que estes ficassem em silêncio. O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, no Supremo Tribunal Federal (STF) homologou hoje as delações. O conteúdo dos textos estão sob sigilo. Fachin também autorizou a abertura de inquérito para investigar o presidente da República.

Em nota, a Presidência da República informou, ainda ontem, que o presidente Michel Temer “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha”, que está preso em Curitiba, na Operação Lava Jato. A nota diz ainda que o presidente “não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”. Segundo a Presidência, o encontro com o dono do grupo JBS foi no começo de março, no Palácio do Jaburu. “Não houve, no diálogo, nada que comprometesse a conduta do presidente da República”.

Assista abaixo o pronunciamento de Temer: