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O desembargador Naor Ribeiro de Macedo Neto, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ/PR), rejeitou pedido da defesa do ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho para suspender o julgamento do ex-parlamentar por júri popular marcado para os próximos dias 27 e 28 de fevereiro, em Curitiba. Carli Filho é acusado de duplo homicídio culposo pela morte de dois jovens em um acidente de trânsito em 2009.

A defesa pediu a transferência do julgamento para outra cidade sob a alegação de imparcialidade dos jurados, e de uma suposta “campanha publicitária/política” contra o ex-deputado. Os advogados de Carli Filho destacam que a mãe de uma das vítimas, Christiane Yared (PR) foi eleita deputada federal com grande votação em Curitiba, após o acidente, e que isso poderia influenciar os jurados. A defesa aponta ainda que “há fortes indicativos de comoção social e intranquilidade na comunidade local, atraindo o interesse da ordem pública”.

O desembargador rejeitou os argumentos da defesa, afirmando que “não se pode dizer que a divulgação dos fatos pela mídia e eventual comoção social possam comprometer a parcialidade dos jurados”. E que “não restou demonstrado, em sumária cognição, nenhum fato concreto e objetivo que aponte eventual mácula na isenção dos jurados, baseando-se o pedido da defesa em meras conjecturas ou suposições”.

De acordo com o assistente da acusação, advogado Elias Mattar Assad, o pedido da defesa não tem qualquer fundamento técnico apto a suspender o júri ou transferir o julgamento para outras cidades do Paraná, tais como Guarapuava, Cascavel ou Londrina, como pretendeu a defesa.

A alegação da defesa é que o caso teve “ampla repercussão em Curitiba”, quando a repercussão foi nacional. Alegaram que Christiane Yared foi eleita deputada federal com expressiva votação em Curitiba e que há probabilidade de seus eleitores serem escolhidos para jurados, sem levar em conta que as cidades preferidas pela defesa são redutos eleitorais da família do acusado.

Em 7 de maio de 2009, o carro blindado que Carli Filho dirigia em um trecho da Avenida Monsenhor Ivo Zanlorenzi, atingindo o veículo em que estavam os jovens Gilmar Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, que entrava na mesma avenida fazendo uma conversão à esquerda.

As investigações apontaram que Carli Filho dirigia em alta velocidade – 163 km/h. Ele estava com a carteira de habilitação cassada. O ex-deputado estadual tinha 130 pontos na carteira e 30 multas, sendo 23 delas por excesso de velocidade.

O inquérito policial apontou também que Carli Filho havia ingerido quantidade de álcool quatro vezes acima da tolerada à época.