O Lado B da América
O documentário “A Revolução Não Será Televisionada”, que registra o governo Hugo Chávez antes e depois da tentativa de golpe na Venezuela, em 2002, é um retrato amargo do populismo que tomou conta do país.

Há um viés evidentemente tendencioso na produtora canadense que pariu o filme e insiste em ressaltar as qualidades do presidente mesmo diante da crueza da miséria. Em visita frenética pelo país, pouco antes do golpe, Chávez transfere a um assessor a incumbência de conversar com uma eleitora. “A senhora falando comigo é o mesmo que falar com ele”, diz o assessor. “Mas eu gostaria de conversar com o presidente”, insiste a mulher. “Então, me passe seu endereço”. “Eu moro nas Malvinas”. “Na favela das Malvinas?” Constrangida, ela admite. É uma das famélicas a quem o estado-pai beneficia com parte do lucro do petróleo. Chávez não gerou emprego nem renda. Criou programas de assistencialismo com o mesmo perfil do Bolsa-Família para atender a população. Assim, virou “pai dos pobres”, “padrinho dos rotos”, “defensor dos descamisados”. Qualquer semelhança não é mera coincidência.

O documentário se esbalda em mostrar o Chávez estadista, o Chávez coronel (em farda camuflada), o Chávez anti-imperialista para quem os Estados Unidos é o inimigo e o Grande Satã, ainda que, ironicamente, se constitua também o principal comprador do petróleo extraído dos grande poços do país.

Chávez não vê contradição entre o discurso e a prática. Elogia Fidel Castro, Lula e até o ditador ensandecido da Coréia do Norte. Ataca Bush, Tony Blair, o neoliberalismo e a economia de mercado. “Descerei ao quinto dos infernos para defender a Venezuela dos tiranos do capitalismo”, despeja em discurso. Poucos levam a sério.

No que vale a pena ver, há a bizarra tentativa de golpe que tomou o Palácio Miraflores e durou menos de 24 horas, resultando em fuga dos golpistas e em um retorno triunfal de Chávez, que oito anos antes também havia tentado um levante contra o governo igualmente sem sucesso.

As cenas protagonizadas pelo presidente populista após a insurreição de araque serviram de inspiração para moldar o Chávez transformado em boneco nas lojas de brinquedos e apelando por um “frenesi” da população no momento decisivo em que, prestes a se reeleger, planeja eternizar-se no comando do país com uma providencial mudança na Constituição.

É barra
Bastou um deputado notar que o gabinete de Carlos Simões (PTB), na Assembléia, tem grades em todas as janelas para que suscitassem piadas maldosas.

É ferro
Tem gente dizendo que o petebista determinou a instalação das grades para se acostumar a observar o mundo de dentro para fora. E com sol quadrado. Ô veneno!

Para os arquivos
O diretor de um grande jornal de Curitiba deu um basta na libertinagem do colunismo social e político. Em meio a uma reunião, protestou: “Não dá para trabalhar em uma empresa onde o faturamento do comercial é menor do que o dos colunistas”. Cala-te boca!

Amigão
Figurinha fácil nos debates da TV Educativa, o professor e cientista político da UFPR, Ricardo Oliveira, doou R$ 1 mil para a campanha reeleitoral do governador Roberto Requião. Viva a ideologia!

Chama o louco
Mistura de budismo, esquerdismo e cuecão frouxo, o socialismo paranaense anda esbanjando teorias da conspiração. A última diz que o jornalista Ricardo Noblat escreve a soldo da CIA.

Ele pode
Ai que inveja… Do Noblat, é claro.

Não muda
O PTB mensalão é o mesmo partido de outrora. Tem o Roberto Jefferson? Tem sim senhor. Tem Emerson Palmieri? Tem sim senhor.

Deu no Tutty
“Entreouvido numa roda de amigos que bebiam para esquecer: ‘Primeiro foi o Caixa D’Água, depois o Coronel Ubiratan, agora o Nabi Abi Chedid’”. Ufa, que ano…

Arremate
Lula anda à cata de um jeitinho para fazer o Brasil crescer. Por enquanto não achou nada, nadinha.

Obladi-obladá
Os petistas andam em polvorosa. Com o governador Requião na França só devem ter notícias dos cargos reivindicados no Palácio Iguaçu às vésperas de Natal. *** Papai Noel, portanto, pode vir magro. Ó vida. *** O vereador Valdenir Dias (PMDB) questionou o colega Custódio da Silva (PRTB) sobre seu retorno à Câmara após longa licença médica: “Eu não quero saber quanto tempo o senhor esteve fora, só quero saber se recebeu alta.” Quaquaquá.