SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O partido governista MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) venceu a eleição presidencial de Angola com 61,1% dos votos, segundo dados provisórios divulgados pela comissão eleitoral nesta sexta (25) após a apuração de 98% das urnas.
Assim, o candidato da sigla e atual ministro da Defesa, João Lourenço, 63, vai suceder José Eduardo dos Santos, 74, no poder há 38 anos.
De acordo com a comissão eleitoral, o MPLA terá 150 dos 220 assentos parlamentares, tendo a maioria dos dois terços necessária para aprovar qualquer legislação sem a ajuda de outro partido. Apesar da vitória, a sigla perdeu 25 deputados em relação à última eleição, em 2012.
Já a opositora Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola) ficou com 26,71% dos votos, um crescimento em relação a 2012, quando teve 18,7%.
O partido terá 51 deputados, um aumento de 19 em comparação com o último pleito. Terceira força, a também opositora Casa-CE dobrou os assentos para 16. Pela primeira vez, o MPLA perdeu a maioria na capital Luanda, ganhando apenas 48% dos assentos.
A eleição ocorre de forma indireta, e os eleitores votam nos partidos que vão compor a nova assembleia nacional –o cabeça da lista do partido vencedor se torna presidente da República.
‘milagre’
A eleição de Lourenço era esperada, já que o MPLA governa Angola desde que o país conseguiu a independência de Portugal, em 1975.
Após a vitória, o novo presidente se comprometeu a ampliar os investimentos estrangeiros e disse querer fazer um “milagre econômico” –após anos de crescimento, a economia do país, basicamente dependente do petróleo, ficou estagnada em 2016.
A oposição questionou a apuração. “Temos resultados diferentes dos anunciados pela Comissão Eleitoral Nacional”, disse Estevao Jose Kachiungu, membro da Unita.
“É impossível que na Angola atual o MPLA ganhe em todas as províncias com tamanha vantagem”, disse ele.
O porta-voz do MPLA, João Martins, negou fraude na votação e qualificou os opositores de “arrogantes”.
As duas siglas travaram uma guerra civil por quase três décadas. O conflito só terminou com um acordo de paz, selado em 2002.
POBREZA
Os partidos de oposição esperavam maior apoio por causa da revolta do eleitorado em temas como a inflação, que chegou a 40% em 2016, as baixas taxas de crescimento e o alto desemprego. Apesar de ser rica em petróleo e diamantes, a Angola é um dos países mais pobres da África.
A Anistia Internacional pediu para o próximo presidente “guiar o país para fora do espiral de opressão” e criticou o “registro terrível de direitos humanos” de José Eduardo dos Santos.
Críticos acusam o mandatário de suprimir dissidência e de enriquecer a sua família -sua filha, Isabel, é a mulher mais rica da África, com fortuna de US$ 2,3 bilhões. Apesar de deixar a presidência, Santos deve manter sua influência, já que vai seguir no comando do MPLA.