MARIANA CARNEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A aprovação do limite para o crescimento dos gastos do governo ajuda a reduzir a taxa de juros brasileira de maneira estrutural, disse nesta terça-feira (13) o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.
A chamada PEC do Teto foi aprovada em segundo turno no Senado nesta tarde.
Em evento em São Paulo, Goldfajn puxou palmas para a aprovação.
“Essa já podemos dizer que foi aprovada. Tem gente querendo aplaudir, se quiser a gente aplaude. É a primeira PEC relevante do governo que passou”, disse Goldfajn, ao ser acompanhado nas palmas por plateia reunida pela Fecomércio-SP e pela universidade americana de Columbia.
“O que foi aprovado hoje é um passo relevante para termos um juro estrutural menor”, disse.
O limite de crescimento dos gastos do governo, na visão do presidente do BC, vai à “raiz do problema”, uma vez que exigirá uma escolha mais acurada das despesas públicas.
O gasto público crescente nas últimas décadas, disse ele, foi financiado ou por aumento de carga tributária, ou por inflação elevada ou ainda pela alta do endividamento.
O desbalanceamento resultou, segundo Goldfajn, em taxas de juros estruturalmente elevadas. O Brasil tem uma das maiores taxas de juros reais (já descontada a inflação) do mundo.
Outro culpado pelos juros extremamente altos, se comparados com outros países emergentes, se deve, segundo Goldfajn a uma parte importante do crédito ser regulada por políticas que baixam artificialmente a taxa.
Em referência à tese da “Meia Entrada”, do economista Marcos Lisboa, Goldfajn disse que metade do sistema financeiro é “para meia entrada”.
“Quem paga entrada vai ter que compensar a meia entrada”, disse. Ou seja, os juros de mercado para a outra metade acabam mais altos.
Goldfajn recorreu ao debate como resposta às críticas que vem recebendo quanto à lenta redução da taxa de juros, apesar de uma das piores recessões da história.
O presidente do BC afirmou que os juros devem ser observados de duas perspectivas: uma de curto prazo e outra de maneira mais estrutural.
No curto prazo, ele indicou que há hoje espaço para uma redução da taxa.
“Parece que há espaço para uma queda de juros mais sustentável do que no passado. Vamos observar”, disse.
A política monetária, porém, não fará todo o trabalho sozinha, afirma ele, lembrando que os investimentos em infraestrutura e reformas microeconômicas são importantes para retomar a economia.
Perguntado sobre as incertezas políticas, Goldfajn disse que “estamos vivendo mais incertezas do que gostaríamos”.
“Eu tento trabalhar na redução das incertezas econômicas”.