Luci Collin, Assionara Souza e Carol Sakura são escritoras que atuam em Curitiba. Foto de Theo Marques/Folhapress

Luci Collin, Assionara Souza e Carol Sakura são escritoras que atuam em Curitiba. Foto de Theo Marques/Folhapress

É só o quinto post e este blog já abraça outros temas para além das artes cênicas. O que é bom! Abaixo as camisas de força.

Por outro lado, vou falar de mulheres que, todo mês, encenam performances em que são donas de sua voz. Em saraus mensais, as Marianas lêem textos próprios, perdendo aos poucos a vergonha de mostrar seus pensamentos e criações.

O coletivo lança mais 11 livros neste 8 de Março (quarta-feira), por meio do selo Marianas Edições. A festa será na Cia dos Palhaços (Alameda Princesa Izabel, 465, São Francisco) das 19h às 22hs. Além de leituras, haverá um cover da Tina Turner!

Veja a lista de livros e autoras e, abaixo, matéria que publiquei sobre iniciativas como esta na Folha de S.Paulo:

– Araci Labiak – “Impermanências”
– Deisi Jaguatirica – “Amo em Rascunho (Não ouso passá-lo a limpo)”
– Elciana Goedert – “Nutrisia”
– Francielle Costacurta – “Poética livre”
– Jaqueline Balthazar Silva – “Sobre sonhos, encontros e desencontros”
– Lia Finn – “A Madrasta: entre o espelho e a maçã”
– Marli Carvalho da Silva – “Raízes Acesas em Solo de Nuvens”
– Patrícia Claudine Hoffmann – “Feito Vértebras de Colibris”
– Rita Maria Kalinovski – “Meias para sereias”
– Rosa Maria Mano – “Manuscritos de areia”
– Vera Lúcia de Paula Paixão – “AYO”

Poeta cria lista com 330 escritoras em Curitiba e prepara lançamentos

Surgem ao redor do Brasil projetos de valorização das mulheres escritoras, a começar pelo autorreconhecimento. Em Curitiba, no Paraná, a poeta Andréia Carvalho Gavita, 43, está há três anos elaborando uma lista de autoras da cidade como parte dessa missão.

Até agora, elencou 330, mas não param de chegar sugestões de novos nomes. A iniciativa animou as novatas no ramo. “A maioria das mulheres com quem entrei em contato passou a mostrar os textos escondidos na gaveta”, disse à Folha.

O primeiro objetivo é estimular que elas mesmas se denominem escritoras –no grupo havia até quem publicasse sob pseudônimo masculino. “Ainda falta a mulher perder o receio de se assumir.”

Da catalogação de escritoras curitibanas surgiu o Coletivo Marianas e o selo Marianas Edições, que já publicou dez livros entre as autoras e prepara mais 11 lançamentos para 8/3, Dia da Mulher.

BRASIL

Além de realizar saraus mensais, o grupo pretende agora ampliar sua página na internet a exemplo do que foi feito na Bahia. Isso porque no portal escritorasdabahia.com.br estão não apenas os nomes das escritoras mapeadas no Estado, mas também perfis com foto, trechos de obra, críticas e ensaios sobre elas.

Criado em Minas Gerais, o Escritoras Suicidas congrega textos de mulheres e homens com pseudônimo feminino para questionar o preconceito ainda existente contra a “escrita feminina”. O resultado é que ninguém sabe diferenciar os textos. “Surgiu como uma brincadeira leve, mas descobrimos que o mundo literário dá importância descabida ao gênero de quem escreve”, diz a editora Silvana Guimarães.

Em Porto Alegre (RS), o blog Veredas, da jornalista Priscila Pasko, apresenta e discute literatura produzida por mulheres. Divulgou, por exemplo, a tese “Mulheres Escritas por Mulheres: Personagens Femininas no Romance Brasileiro Contemporâneo”, em que a pesquisadora Camila Doval conclui que, apesar de tanto esforço, a representação que as mulheres fazem de seu gênero ainda não contribui para a emancipação feminina. “Mas vivemos um feliz momento, em que muitas mulheres estão escrevendo e publicando”, pondera Priscila.

A lista de autoras curitibanas elaborada por Andréia é bastante democrática, sem curadoria, e reúne desde iniciantes até consagradas, como a poeta Alice Ruiz, viúva de Paulo Leminski.

COMBATIVO

Assionara Souza, 47, é uma das mais empolgadas com o ofício na cidade, indo para o sexto livro publicado. Quando organizou uma antologia de autores paranaenses (“Translações “” Literatura em Trânsito”, Ed. Arte & Letra, 2014), fez questão de incluir mais mulheres que homens.

Mas a busca por espaço não necessariamente se traduz em obras combativas ou que abordem questões de gênero. “Não quero ser obrigada a escrever sob esse ponto de vista”, desabafa Carol Sakura, 31, que se interessa pelo universo fantástico e tem publicado o livro infantil “Anacleto, o Balão”. “Isso também é feminista: poder falar do que eu quiser.”

Espécie de mentora para todas elas, a professora Luci Collin, 52, finalista do Prêmio Oceanos em 2015, considera que as autoras curitibanas “escrevem sobre tudo”, contrariando o lugar comum de que a mulher só fala sobre maternidade ou questões de gênero. Especialista em Gertrude Stein, ela tem 17 livros publicados.