peppa

Quero ser a mãe da Peppa. Serena, senhora de si, não se incomoda com a bagunça geral que aqueles porquinhos armam. Ou pelo menos não aparenta nos 5 minutos de desenho. Se ela vai fazer bolo, é óbvio que põe os dois filhos para ajudar, mesmo que espirre massa de chocolate por tudo. E ainda dá risada junto com a garotada.

Já eu estou com sintomas de child burnout, se isso existe. Solto fogo pelas ventas, derramou iogurte é bronca na certa. Nem o nenê escapa, apelidado de “preazinho selvagem”, e isso nos bons dias.

Por isso quero a serenidade da Senhora Pig, essa senhora de si cor de rosa.

Só que não. Hoje eu tinha só uma meta extra filhos: tirar o esmalte das unhas, e, se desse um golpe de sorte, quem sabe até cortar e lixar. Então, antes mesmo que o segundo acordasse, já tinha botado meu plano em ação. Às 8h35 estava tirando tudo do armário de venenos em busca do óleo de banana. A acetona já tinha evaporado no ano sem uso e o lencinho removedor que sobrou da última viagem só deu para uma mão.

Com a outra, a de unhas ainda vermelho descascado, digitei no whattsapp “tá em casa?” para minhas duas amigas do prédio. Uma respondeu, sim, tinha acetona. “Tô colocando o elevador”, mas eu só vi 5 minutos depois. O pacotinho ficou lá, subindo e descendo. Enquanto isso eu raspava a parte queimada das torradas.

Quando saí esperar o elevador, que demorou, porque vinha sempre o errado, sem acetona, a vizinha abriu a porta. De roupão, perguntou o que era esse cheiro de queimado. “A torradeira”, expliquei, também de pijama. Por sorte nos damos bem. Taí algo do mundo da Peppa que existe na minha vida.