ervilha

A vida em família é mesmo um conto de fadas. Não leia, por favor, “mar de rosas”. Mas uma eterna narrativa que bebe das fontes mais diversas, isso sim.

Essa história de princesas hoje está bem problematizada, claro. Mas ainda escapam uma aqui, outra ali. A das ervilhas, por exemplo, veio para ficar aqui em casa. Cada livro é lido, em média, 387 vezes. Por semana. Esse relato sobre a garota cuja nobreza a futura sogra põe em dúvida, até que tira a teima colocando uma ervilha debaixo de 20 colchões para ver se ela sente alguma coisa – e ela sente: dorme terrivelmente – foi um desses eleitos para a leitura em looping.

Pois a vida imita a arte e resolvemos brincar um pouco além das páginas do livro. A menina ganhou um saco de ervilhas. Gostou tanto que resolveu não levar para a escola, onde haveria um baile real, os amigos iriam achar que é brinquedo e ela ia ter que dividir. Colocou tudo debaixo do colchão. Dia seguinte, eu ainda sonolenta, ela me diz: “Sabe que eu não dormi bem…” Aquela carinha de “lamento decepcionar”. Que foi? Filha, tá quente? A mão já apalpando a testa, o peito e as solas dos pés. Vazou xixi no lençol, sentiu fome, frio, sede? Não, mãe, tinha alguma coisa dura. A…..faz parte da narrativa. Ok, demorou para cair a ficha.

Por sorte ela dá um jeito de melhorar mesmo as histórias mais escabrosas. O que dizer do ratinho que cai no caldo de feijão e…morre??? Sim, porque a história é bem explícita e não poupa os ingênuos ouvidos. Tem relatos que deveriam vir com classificação indicativa, mas esse não é o caso do livro da Dona Baratinha, não senhor. Enfim, tem morte e pronto.

Mas ela deu um jeito. À noite, o pai quase dormindo do lado, ela acesa que só, inventando modas. “E quando a dona Baratinha for lavar a louça, em? Vai achar e dizer, ó, que fofo, um ratinho…”