A crise política deve estimular a proliferação de candidaturas de lideranças em ascensão às eleições de 2018. Com o desgaste de partidos e políticos tradicionais motivado pelos sucessivos escândalos de corrupção, nomes novatos, estreantes estão se preparando para entrar na disputa, também no Paraná, incluindo as eleições para governador e as duas vagas ao Senado em jogo no ano que vem.
Pesquisa recente encomendada pelo Democratas revelou que praticamente todos os partidos políticos brasileiros mais tradicionais sofrem hoje com baixa credibilidade perante a população. Segundo o levantamento, o PT – que governou o País por 13 anos, sendo retirado do poder federal com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff – é rejeitado por 62% do eleitorado e aprovado por 28%. Mas outras legendas importantes, com o PSDB e o PMDB também enfrentam a mesma situação. Tanto a legenda tucana quanto a peemedebista têm rejeição ainda maior que a petista, com 75% e aprovação de apenas 13%. O próprio DEM é rejeitado por 60% dos eleitores, de acordo com o levantamento do instituto GPP. Outro levantamento, da Paraná Pesquisas, revelou que para 70,1% dos brasileiros, PT e PSDB são farinha do mesmo saco.
Dentro desse cenário, legendas de menor expressão tentam capitalizar a rejeição dos políticos já conhecidos entre o eleitorado para se apresentar como representante da mudança ou renovação. O PPS, por exemplo, já lançou os prefeitos de Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, e de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, como pré-candidatos à sucessão do governador Beto Richa (PSDB). Os dois são jovens em comparação com os candidatos mais lembrados, e têm administrações municipais bem avaliadas. Silvestri foi reeleito com 60% dos votos no ano passado, e Rangel venceu o deputado federal Aliel Machado (Rede), no segundo turno, com 55% de apoio popular.
Outro nome cotado como alternativa para o Palácio Iguaçu, no ano que vem, é o do ex-prefeito de Londrina, Alexandre Kireff, que migrou recentemente para o Podemos, legenda do senador e pré-candidato à presidência, Alvaro Dias. Após assumir a prefeitura da segunda maior cidade do Estado depois de uma série de denúncias e problemas envolvendo as gestões anteriores, ele deixou o cargo no ano passado com 75% de aprovação. E aderiu à nova sigla após deixar o PSD com status de potencial pré-candidato ao governo.
O problema é que Alvaro tenta trazer para a legenda o irmão e também pré-candidato ao governo, o ex-senador Osmar Dias (PDT), que nesse caso, teria a preferência pela vaga. Osmar, porém, tem dito que não tomou qualquer decisão sobre mudança de sigla, e tende a deixar a definição para abril do ano que vem, prazo final para a filiação de quem for disputar a eleição de 2018.
Casta – Mesmo lideranças que já têm uma longa carreira na política paranaense tem tentado se apresentar como representantes do novo para atrair o apoio do eleitorado descontente com os nomes tradicionais. É o caso, por exemplo, do deputado estadual Ratinho Júnior (PSD), pré-candidato ao governo, que começou sua vida política em 2002, há quinze anos, sendo eleito para a Assembleia Legislativa quando tinha 21 anos. De lá para cá, elegeu-se deputado federal por dois mandatos e voltou a eleger-se deputado estadual em 2014. Em 2012, perdeu o segundo turno da eleição para prefeito de Curitiba para Gustavo Fruet (PDT) e assumiu a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano (Sedu) do governo Richa por quase quatro anos, retornado à Assembleia em setembro, para se dedicar exclusivamente à pré-candidatura ao governo.
Ao voltar ao Legislativo, ele indicou que seu discurso para chegar ao Palácio Iguaçu será justamente a distância em relação às tradicionais famílias políticas paranaenses. Quem conhece a nossa história sabe que eu construí um grupo político independente das castas colocadas no Estado há muito tempo. Eu não vim de uma família tradicional da política. Eu não tenho essa tradição política que outros têm, eu que não julgo, cada um com seu destino, afirmou.