O vereador Ailton Araújo (PSC) garantiu nesta quinta-feira (4) apoio de 26 dos 38 parlamentares da Câmara Municipal de Curitiba para ser eleito o próximo presidente da Casa. Em reunião na tarde de quinta-feira no Hotel Mabu, Araújo recebeu o compromisso dos colegas que integram a base governista, além da benção do prefeito Gustavo Fruet (PDT) para suceder o vereador Paulo Salamuni (PV) nos próximos anos, em eleição marcada para o próximo dia 16. O atual líder do prefeito, vereador Pedro Paulo (PT), abriu mão da candidatura em favor do companheiro de bancada. Com isso, deve ficar prejudicada a candidatura do vereador Valdemir Soares (PRB), que também está na disputa.

Fruet vinha evitando sinalizar publicamente uma preferência, para não entrar em conflito com os partidários de Soares – que dizia ter maioria para vencer a eleição caso não houvesse intervenção do prefeito. O vereador do PRB teria ligações com o grupo do ex-presidente da Câmara, João Cláudio Derosso (sem partido) – que renunciou ao cargo em março de 2012 para escapar de um processo de cassação após ser acusado de gastos irregulares com publicidade. Apesar da renúncia e do afastamento da política, Derosso ainda teria influência na Casa, e estaria atuando em favor de Soares. Além disso, o vereador do PRB teria também o apoio de parlamentares ligados ao grupo do governador Beto Richa (PSDB), adversário do prefeito. 

Na quarta-feira, o vereador do PRB pediu vistas dos projetos apresentados pelo prefeito que prevêm reajuste do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis Inter-Vivos (ITBI) – considerados fundamentais para equilibrar as contas do município. Na ocasião, ele alegou que atendeu a um apelo popular para que os projetos fossem melhor discutidos. Entendo que diversos vereadores também têm dúvidas sobre a necessidade desses reajustes e como isso deve impactar no Executivo e no bolso do cidadão. Por isso, precisamos detalhar melhor as proposições, defendeu Soares.

O gesto foi interpretado como um recado a Fruet para que ele não interferisse na disputa pela presidência da Casa. Araújo foi escolhido como a saída para o impasse, já que além de ter apoio entre a base do prefeito, também tem bom trânsito entre os vereadores mais antigos da Casa, ou que se autointitulam independentes.

Cautela

Em entrevista ao Bem Paraná na última quarta-feira, antes da definição do candidato governista, Fruet manteve postura cautelosa, sem apontar um nome preferito, mas deixou claro que não aceitaria pressões nem deixaria de influir na eleição do Legislativo.Vou conversar com os vereadores, mas sempre tem um limite. Primeiro, qual o grau de interferência ou de intervenção do prefeito. Se a gente não participa é omissão. Se a gente participa, pode dar a imagem de que está passando (do limite), explicou. A gente ganhou a eleição com oito vereadores. São 38 na Câmara, avaliou o prefeito. Essa questão do IPTU e do ITBI eu tenho conversado com os vereadores há muitos meses. Sempre deixando claro a situação da cidade e as alternativas. Até em função disso, a gente estabeleceu esses índices, afirmou o prefeito.

Sem citar diretamente o caso Derosso, Fruet afirmou que a eleição na Câmara deveria levar em conta a necessidade de renovação dos costumes políticos do País, até pela própria crise vivida pela Casa. Apesar de muito recente houve uma modificação na Câmara como nunca se imaginou. O Paulo (Salamuni) estabeleceu alguns limites e se alguém quiser mudar, o risco não é meu, opinou.

Mudou, e muitos têm que entender isso, ou poucos têm que entender isso, se servir como recado, que não se faz mais política como se fazia há quatro, cinco, seis anos. É um erro imaginar que quem ganha uma eleição, imediatamente vai ter uma estrutura de financiamento. Vai ter dinheiro para liberação orçamentária. Que vai ter uma quantidade infinita de cargos, analisou. Algumas pessoas insistem em achar que não. Acham que o problema é no Congresso, na Petrobras, na CPI de Brasília, apontou o prefeito.