A coligação por um Brasil Decente, que apóia a candidatura do tucano Geraldo Alckmin à Presidência da República, pediu hoje ao corregedor-geral eleitoral e ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cesar Rocha, a apuração das suspeitas de que teria sido montada uma operação para protelar as investigações pela Polícia Federal sobre o dossiê contrário a tucanos.

Os presidentes nacionais do PSDB, Tasso Jereissati, do PFL, Jorge Bornhausen, e do PPS, Roberto Freire, participaram hoje de uma reunião com o corregedor no TSE. No encontro, eles entregaram um documento pedindo que seja iniciada a fase de instrução da investigação aberta em setembro por Rocha para apurar o episódio do dossiê. “Nós queremos a verdade, queremos saber de onde veio o dinheiro para a compra do falso dossiê”, afirmou Bornhausen após o encontro. Segundo ele, foi cometido um “crime eleitoral organizado”.

Na petição, eles transcreveram reportagem publicada na edição desta semana da revista Veja sobre a suposta operação abafa. “Os fatos noticiados são de extrema gravidade pois revelam que o ministro da Justiça estaria agindo com o propósito de impedir a apuração dos fatos objetos da presente investigação judicial eleitoral (sobre o dossiê), quer pela facilitação que propiciou aos investigados de combinarem uma versão de defesa, quer pela orientação das alegações a serem feitas”, afirma a coligação no documento entregue ao TSE.

A coligação sustenta que, de acordo com a reportagem, o ministro da Justiça teria orientado Freud Godoy e seu advogado a obterem de Gedimar Pereira Passos a alteração da versão inicialmente apresentada às autoridades. “Para tanto, houve, segundo a notícia, a colaboração do diretor-executivo da Polícia Federal em São Paulo, Severino Alexandre, que franqueou seu gabinete para um encontro entre Godoy e Gedimar”, argumenta a coligação.

De acordo com a coligação, os fatos revelados pela reportagem indicam o possível adensamento da prática de abuso de poder de autoridade. “Na verdade, acima de tudo, verifica-se uma inexplicável demora no desvendamento pela Polícia Federal da origem dos recursos”, sustenta. A coligação pede que sejam ouvidos jornalistas da revista Veja, Severino Alexandre e o chefe do núcleo de custódia da Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo, Jorge Herculano.

LIBERAÇÃO DE R$ 1 BILHÃO – A coligação também protocolou hoje no TSE um pedido de investigação judicial eleitoral contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela suposta promessa de liberação de R$ 1 bilhão ao Estado do Mato Grosso em troca do apoio do governador reeleito Blairo Maggi (PPS) à campanha do petista.

“O presidente Lula recebeu o governador Blairo Maggi, que após a reunião disse ter recebido várias vantagens. O governador anunciou apoio à candidatura Lula. Isso mostra que houve cooptação, o que é crime eleitoral”, afirmou Bornhausen.