Reduzir a tarifa de ônibus em 90 dias, buscar a reintegração do sistema, reduzir custos e implantar uma “gestão inteligente” na cidade. Esses foram os principais eixos da sabatina com o candidato do PSD à prefeitura de Curitiba, Ney Leprevost, que abriu a série do Bem Paraná e da Universidade Católica do Paraná (PUCPR), na noite de segunda-feira. Leprevost teve uma hora e meia para falar sobre saúde, pessoas em situação de rua, Uber, habitação e ciclofaixas. Ele descartou a construção do metrô nos próximos quatro anos, negou ser um candidato “da elite” e comentou sobre sua relação com o governo Beto Richa, já que é apoiado pelo secretário de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Junior.

Principal proposta
É a gestão inteligente. Utilizar a tecnologia para fazer com que os serviços ofertados pela prefeitura sejam mais eficientes e satisfatórios. Hoje o dinheiro do contribuinte é muito mal aplicado e a prefeitura não tem dado conta de suprir as demandas nas mais variadas áreas. Percebemos até mesmo uma certa falta de integração entre uma secretaria e outra. Hoje as pessoas têm que ir para a fila às 5 horas da manhã simplesmente para marcar uma consulta médica. Não para se consultar, não para fazer um exame: é para marcar a consulta. Vamos fazer a marcação utilizando os meios digitais. E a pessoa vai ter um cartão de memória, com informações sobre a última vacina que a pessoa tomou, o último médico que a atendeu..

Governo Richa
Quando o governo resolveu taxar em 11% os aposentados do Paraná, eu votei contra. Muitos aposentados dependem desses recursos para sustentar os netos, comprar medicamentos. Considerei uma injustiça mudar a regra no meio do jogo. Desde esse momento, o relacionamento com o governo azedou. É verdade que votei também a favor do governo, mas a postura dura que tive foi quando houve o problema da violência contra os professores. Fui um dos que se negou a entrar no camburão, um dos que arriscaram a integridade física para defender os professores. Fomos lá fora no momento em que estavam disparando balas de borracha e tentamos impedir que o batalhão de choque fizesse aquilo com ordem do governador. Se vierem propostas boas do governo, não terei problema em votar a favor.

Corte de gastos
Existem várias maneiras. Uma delas é reduzir os cargos comissionados, diminuir em pelo menos 40% os cargos em comissão, exigir a nomeação de pessoas em autarquias e empresas do município sem concurso público. A imprensa fala pouco disso, mas existem funções para dentistas no Instituto Curitiba de Saúde (ICS) que podem ser nomeadas pelo prefeito sem que haja concurso público. Vamos reduzir o número de secretarias. Urbs e Secretaria de Trânsito podem ser uma coisa só. Vamos transformar a Secretaria de Defesa Social em Secretaria de Segurança do Cidadão.

Drogas
O uso excessivo de determinada droga pode se tornar uma questão grave de saúde publica e uma questão social. Quem se vicia em crack acaba gerando um problema para si e para a sociedade. A questão do usuário é uma questão de saúde pública, mas a venda de drogas, enriquecer fornecendo drogas, é crime. E traficante tem que ser combatido.

População de rua
Nem todas as pessoas que hoje moram nas ruas são sem teto, algumas teriam um teto da família, mas estão longe ou não querem prejudicar a família com seu vício. Ou porque as famílias não querem mais ser prejudicadas por ela. Com um bom tratamento, é possível se libertar. Queremos fazer casas de recuperação, inclusão e saúde.

 Segurança

Vamos aumentar o efetivo da Guarda Municipal e chamar os guardas aprovados em concurso. Vamos criar o grupo de proteção ao passageiro, hoje muitas mulheres são molestadas nos ônibus. Criar unidade de combate ao crack na Guarda Municipal e promover a integração das câmeras de segurança.

 Dívidas

A atual prefeitura pegou uma gestão com uma dívida do (ex-prefeito) Luciano Ducci de R$ 500 milhões. No início da gestão, o atual prefeito mandou procuradores irem ao Ministério Público denunciar a dívida, no entanto sabemos que receberemos a prefeitura com uma dívida de mais de R$ 1 bilhão. Ela não é pagável a curto prazo, mas sabemos que a prefeitura tem uma excelente arrecadação, que no ano que vem deve chegar a aproximadamente R$ 9 bilhões.

Ratinho Junior
Sou fundador do PSD no Paraná, eu já estava no PSD quando no início do ano o Ratinho resolveu vir para o PSD. Eu disse para o Ratinho, naquele momento (29 de abril de 2015), que a bancada do partido do qual ele fazia parte deveria ter se firmado na oposição a aquela situação. Ele disse que seu suplente, o Evandro, votou contra o governo. O Ratinho é um apoio importante, abre muitas portas em eleitorados aos quais eu ainda não tinha acesso. Ele me torna mais conhecido, principalmente na região Sul da cidade. Se ele permanecer na Secretaria de Desenvolvimento Urbano, pode me ajudar bastante na questão da reintegração do transporte coletivo. Naquela época (29 de abril), ele era secretário de Desenvolvimento Urbano, o que aconteceu com os professores não tem a ver com ele.

Cultura
Temos que preservar o patrimônio cultural e fomentar a nossa cultura, inclusive a consolidação de uma identidade cultural para curitibanos e paranaenses. O atual prefeito prometeu destinar 1% do orçamento para a cultura e não está cumprindo. Não acredito que seja por má intenção. Dificilmente isso será viável no primeiro ano, o orçamento já foi aprovado pela Câmara, mas a partir do segundo ano queremos garantir 1% para a cultura.

 Subsídio do transporte

É melhor ter um valor reduzido (de subsídio) do que nada, como está acontecendo hoje. Vou pleitear o subsídio do governo do estado. Se o governo não subsidiar, temos que encontrar alternativas. A integração do sistema é um compromisso que estou assumindo. O atual prefeito prometeu o metrô na campanha. Eu sou a favor do metrô, mas nos próximos 4 anos eu não vou fazer, porque não é viável. Temos que fazer o veículo leve sobre trilhos (VLT), que é mais barato, não é enterrado, não é poluente, margeando a ferrovia ou até mesmo na Linha Verde.

Transporte coletivo
É possível reduzir (a tarifa), em 90 dias de gestão, a tarifa para R$ 3,65 ou R$ 3,60, cortando os 4% que a Urbs abocanha e que alega gastar na manutenção das estações tubo. A Urbs tem estacionamentos, lojas, 15 terrenos, não pode abocanhar o dinheiro do usuário para pagar gastos com transporte.

Bicicletas
Ciclorrota é o nome que a atual gestão encontrou para pintar faixas na rua e colocar em risco a vida dos ciclistas. É bacana incentivar o uso de bicicleta, mas temos que fazer ciclovias de verdade. Ciclofaixa é uma enganação que só serve para enriquecer a empresa que faz a pintura de faixa. Chegam a arder os olhos de tanta fosforescência que a gente vê. A única obra da atual gestão foi tornar o Centro da cidade fosforescente.

Uber
O Uber existe, não tem como combater a tecnologia. As pessoas gostam do Uber porque é mais barato. É preciso ter responsabilidade para não criar um problema social na cidade, fazer uma legislação municipal. Não podemos colocar 6 mil taxistas no caminho do desemprego, a questão é organizar o Uber, fazer a regulamentação. Existe uma preocupação, ter um carro transitando sem seguro ou uma autorização. Acho que o Uber deve ter as mesmas regras que os taxistas têm.

Habitação
A Cohab (Companhia de Habitação de Curitiba) foi aparelhada politicamente, foi utilizada para colocar aliados de parlamentares que apoiaram o atual prefeito na eleição passada. A Cohab precisa de uma gestão técnica.