Transparência total, saneamento da máquina pública e o enfrentamento contra os empresários que comandam o transporte coletivo de Curitiba. Essas foram as principais propostas apresentadas pelo deputado estadual e candidato à Prefeito Requião Filho (PMDB). Durante a sabatina da última quarta-feira, promovida pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) em parceria com o jornal e portal Bem Paraná, o peemedebista ainda tratou de esclarecer que é contra o Estado mínimo e que sempre irá tender para o lado social, garantindo ainda que prefere enfrentar uma batalha honrada a se esconder embaixo da mesa, referindo-se à questão do transpore público.

Principal Proposta
A principal proposta para Curitiba é o saneamento da máquina. Temos uma Prefeitura hoje que gasta muito e gasta mal. Temos contratos de terceirizações que não se justificam, temos problemas na licitação do transporte coletivo, temos indícios que há algo errado na licitação do lixo, temos 307 cargos comissionados sem lotação fixa. Então gera-se um despedício em torno de R$ 30 a R$ 40 milhões por ano com apenas alguns dos cargos. Então a principal proposta é saneamento e transparência da máquina pública.

Transporte coletivo
O risco de travar uma batalha é sempre muito mais valioso e muito mais honrado do que o risco de a Prefeitura se esconder embaixo da mesa enquanto o transporte público rouba a Prefeitura de Curitiba. Eu prefiro travar todas as batalhas judiciais que aparecerem pelo caminho do que me esconder e fugir de uma boa briga. Agora, o risco que realmente se corre é que os donos das empresas acabem preso antes do final deste ano. A licitação foi direcionada, a tarifa é superfaturada, feita por um prefeito chamado Carlos Alberto Richa, hoje governador Beto Richa e que apoia Rafael Greca. Essa licitação gerou prisão de pessoas aqui de Curitiba em Brasília e em várias cidades do Paraná. De repente peitar isso vale a pena. Mas antes da bravata, de dizer que vamos resolver de qualquer jeito, temos de sentar na mesa e dizer ‘isso aqui, isso aqui e isso aqui está errado’. Então temos de chamar para conversar, com câmera ligada e transmissão ao vivo pela web. E eles vão ter de explicar, por A mais B, porque a tarifa é superfaturada e ninguém mexeu nela.

Nova política
Algumas coisas são tão modernas que são atemporais. Valores como ética, transparência e responsabilidade com o dinheiro público não são coisas de moda. Então quando eu digo que sigo os passos do Roberto Requião, eu sigo os passos no cuidado com o dinheiro público, na transparência desse trabalho como gestor público e na franqueza sobre o que pode e o que não pode ser feito. A nova política se baseia em regras claras. Vamos acabar com o permissíel. Ou pode ou não pode. Não dá para se fazer política pública com o jeitinho, que se baseia numa política feita em cima da governabilidade e da falta de transparência. Temos que abrir todos os procedimentos da Prefeitura, colocar na internet para que as pessoas tenham acesso à informação. Então a nova política é trabalhar com transparência e acabar com a palavra ‘governabilidade’, que é um dos maiores maus, uma das coisas que mais destrói a política brasileira

Uber e táxis
O Uber está aí e ninguém vai mexer. No meu entendimento como advogado, enquanto o Governo Federal não tomar uma decisão, não há nada que a Prefeitura possa fazer. O máximo que poderia fazer hoje é cobrar ISS. Mas como combater isso? Não tem de combater, tem de aprender. Opa, tem como ser bom, melhor e mais barato. Por que o táxi não consegue isso? Temos de diminuir o custo do táxi. Então a Urbs substitui as rádiotáxi, com uma central única de táxi. Aí o taxista não tem de pagar mais R$ 800 para a rádio. Diminuímos os impostos, as taxas, e o custo absurdo com as rádios, daí a tarifa cai

Esquerda ou direita?
Se fosse antes da queda do Muro de Berlim, utilizando a nomenclatura antiga, eu diria para você, sem o menor medo: sim, eu sou de esquerda. Agora, dentro dessa visão mais moderna de política, antes de mais nada eu odeio o entreguismo. O Estado mínimo hoje é confundido com um Estado que não atrapalhe. Querem vender a Copel e a Sanepar, duas empresas monumentais que garantem a competitividade do Estado, em nome desse Estado mínimo. Eu tendo sempre ao lado social, mas também acho que o estado que impede o produtor, o pequeno empreendedor de crescer, é um estado muito ruim. Então eu tendo para o social, desde que a gente garanta ao empreendedor, que é quem faz girar a roda da economia, capacidade de permanecer no mercado sem fechar as suas portas, porque isso também é social. Não faço a separação do trabalhador contra o patrão. A sociedade é uma só e ela tem de funcionar por inteiro.

Educação
Temos que garantir infraestrutura em dia, bem construída, bem planejada. Qualidade dos professores: formação continuada, fazendo convênio, de preferência, com as faculdades públicas. A educação aqui tem de ser tipo Finlândia. Temos de buscar a melhor educação possível com responsabilidade e aumento dos profissionais envolvidos nisso, senão prejudicamos a qualidade.

Moradores de rua
Temos, segundo a Igreja Católica, 5 mil moradores de rua. A prefeitura trabalha com menos de duas mil. Mas como recuperar essas pessoas? Eles não pertencem mais a lugar nenhum e nós tentamos apagá-las, elas se tornam invisíveis. E isso está errado. Então temos de criar parcerias com as igrejas de todas as religiões e recuperar essa pessoa, que precisa de um acompanhamento contínuo. Só um albergue para dormir e o sopão não funciona.

Trânsito
Curitiba tem o Anel Central e o Contorno Sul. O Contorno Leste ainda falta uma parte. Mas a criação de um terceiro anel, interligando os terminais urbanos que nós temos, ajudaria muito. Aí para cruzar a cidade não vai precisar passar pelo Centro. E criaríamos subcentros, expandindo a Prefeitura para a periferia.

Indústrias
Temos de criar condições para as indústrias se estabelecerem em Curitiba, e fazemos isso não com incentivo fiscal, mas tornando a cidade mais atrativa. O incentivo fiscal, se vocês lembrarem, várias empresas receberam e depois que acabou o incentivo recolheram tudo e foram embora. Então temos de tornar a cidade atrativa, com acesso, mobilidade, mão de obra especialidade, com condições de receber a indústria. E isso fazemos com algum incentivo fiscal, mas ele tem de ser igual para todos, diminuição de imposto, mão de obra qualificada, acesso, saúde e educação, porque a empresa que vem quer saber se a qualidade do ensino público é boa ou se ela terá de pagar uma creche particular.

Construção civil
O uso sustentável do solo, se você der uma lida no que a Rede se propõe, é também o uso social desse solo. Temos um problema de moradia em Curitiba enorme, a fila da Cohab passa dos milhares e parece que não anda. Então é o incentivo à construção civil que gera emprego e gera emprego rápido, é a que gera de forma mais rápida, sempre dá um boom na economia quando você levanta a construção civil porque é uma mão de obra menos qualificada, de fácil acesso à população. Queremos incentivar a construção de casas populares em diversos bolsões, ocupando o vazio enorme que há em Curitiba. Mas é buscar maneiras de diminuir o preço da construção para beneficiar quem compra a casa, não quem está financiando, que é o que acontece com o Minha Casa, Minha Vida. Então criaríamos um cartão para o cidadão comprar material de construção com isenção de imposto ou com desconto.