Uma frota pública de ônibus, revisão dos contratos com as empresas de transporte, IPTU progressivo, aluguel social e gestão coletiva. São as principais propostas da candidata da Frente de Esquerda (PSOL-PCB) à prefeitura de Curitiba, Xênia Mello, a segunda a participar da série de sabatinas promovidas pelo Bem Paraná e pela PUCPR, na noite de segunda-feira. Xênia começou sua fala dizendo “Fora Temer”, pedindo a saída do presidente Michel Temer e a convocação de novas eleições diretas para a Presidência da República. Segundo ela, são três as áreas essenciais de sua campanha: transporte, moradia e acabar com a fila das creches. “Para isso a gente precisa denunciar o mito da cidade modelo e consegue garantir uma cidade mais acolhedora, segura e humanizada. Não dá para debater segurança pública sem que as pessoas tenham moradia e transporte”, afirmou. Confira os principais trechos da sabatina.

Principal proposta
Primeiramente Fora Temer. A principal proposta do PSOL é democratizar a cidade. Não dá para reduzir em uma única proposta. Temos três frentes grandes: transporte, moradia e zerar o número de creches. No transporte, precisamos reduzir a tarifa, integrar o sistema e implantar o bilhete único. Para isso a gente precisa denunciar o mito da cidade modelo e consegue garantir uma cidade mais acolhedora, segura e humanizada. Não dá para debater segurança pública sem que as pessoas tenham moradia e transporte. Outros candidatos querem aumentar o equipamento (da Guarda Municipal), aumentar o armamento, mas isso só vai gerar extermínio da população negra e jovem.

Esquerda X conser
Acredito na juventude e acredito nas mulheres. Acredito que a gente pode governar Curitiba de forma democrática e participava, isso que dá sentido à campanha. Conseguimos derrubar um debate que nos excluía, conseguimos mobilizar os secundaristas. Sou muito bem recebida nas universidades. Porque a tradição é o Cunha, o Sarney, o Collor, o Temer, aquilo que a gente não quer mais. O Greca, as famílias oligárquicas que ocupam há séculos o poder. Hoje, a população e a juventude vão às ruas, é com esse publico que a gente dialoga.

Transporte coletivo
É preciso mobilizar a cidade, entender que a prefeitura tem formas de enfrentar isso a despeito do Judiciário. A gente precisa investir na Procuradoria do município, que hoje tem um número pequenos de procuradores, enfrentar as grandes estruturas dos escritórios privados.

Minorias
É duro pra gente que é militante ter que enterrar uma amiga, ir a uma delegacia, a um hospital atender amigos que sofreram violência. Nesse ano teve uma travesti queimada viva na cidade. Enfrentar a violência passa por três ações: usar os meios da prefeitura, ao invés de fazer propaganda, para fazer campanhas pedagógicas sobre importância de respeitar essas pessoas, dar visibilidade para essas pessoas, debater no ambiente no público; buscar paridade dentro da gestão do município, metade das secretarias e cargos comissionados serão ocupados por mulheres.

Frota pública
Transporte é um projeto de longo prazo, justiça sócio-ambiental é algo de longo prazo. Até hoje Curitiba amarrou uma forma de cidade para os carros. A cidade foi planejada a longo prazo para ser um sucesso em uma cidade do automóvel. Hoje somos a capital com mais automóveis por habitante. Essa escolha não foi feita de modo ingênuo. Precisammos de um transporte que caminhe para a gratuidade. Pode começar com uma auditoria. Hoje Curitiba destina grande parte de seu orçamento para criminosos, há indício de fraudes nos contratos do ICI, do transporte público. Pagamos inclusive o imposto de renda das empresas, que é algo ilegal.

Mobilidade
Gosto de andar de ônibus, mas quero preço baixo e qualidade. A decisão é pelos modais que priorizam o coletivo, que sejam ecologicamente sustentáveis e responsáveis. Ciclomobilidade, transporte público e pedestres. Uma gestão democrática tem que priorizar o transporte público.

Junho de 2013
Nunca saímos das ruas. Já estávamos antes das jornadas de junho de 2013, continuo nas ruas pelo parto humanizado, na Marcha das Vadias. A potência da juventude se construindo é muito forte. Não por isso fechar os olhos para as paneladas, a violência que a população LGBT sofre. Quando se reconheceu o casamento igualitário na França, 100 mil pessoas foram às ruas. Quando tem avanço e crescimento da militância combativa, também cresce a força da resistência conservadora. Me nego a reconhecer que houve um crescimento do conservadorismo, eles saíram do armário.

Bilhete único
É possível implantar o bilhete único temporal, inclusive porque sai mais barato. Usar a tecnologia a nosso favor, hoje existe o rastreamento do transporte público, mas isso não é colocado para a população, porque a população vai se mobilizar contra as empresas de ônibus. Isso tem que servir para as pessoas não ficarem 30 ou 40 minutos esperando o ônibus, é só ver pelo aplicativo. Melhora a qualidade de vida, e por que não é implantado, se já existe a tecnologia para isso?

População de rua
A população de rua precisa ser acolhida de forma respeitosa e com dignididade. É preciso respeitar a autonomia e a liderança desse movimento. 70% da população de rua é trabalhadora, com o rompimento da integração do transporte coletivo aumentou a população de rua. Hoje, mora na rua quem é da região metropolitana, só que não tem grana pra voltar pra casa. Se reduzirmos a tarifa, reduzimos a população de rua.

Richa e Temer
A gente dialoga até onde pode ser dialogado. Na medida em que propostas violam direitos, podemos usar mecanismos jurídicos e a mobilização popular. Mobilizando a população, legitimamos nosso mandato e nossas pautas. Se o governo do estado não tiver diálogo, a gente vai parar a cidade. Grande parte da arrecadação do estado vem de Curitiba. Governo tem que fazer o que a população quer.

Moradia
Vamos regularizar as moradias irregulares. Vamos dialogar com as comunidades, sem remoção unilateral. Aumentar o orçamento para conjuntos habitacionais, implementar o aluguel social para quem não tem acesso à moradia. Implantar o IPTU progressivo, não pode ter um monte de imóveis vazios onde existem equipamentos públicos e jogar as pessoas lá para o Tatuquara.

Chances
O Ney Leprevost disse no sábado, durante o debate do Sismuc, que seríamos um perigo se tivéssemos o mesmo tempo de TV que ele. Temos 11 segundos e a gente faz um estrago. Nossa campanha tem R$ 40, R$ 50 mil de dívidas. A Maria Victoria tem um R$ 1 milhão na campanha dela. Não é a população de Curitiba que tem resistência ao nosso discurso, é que temos 11 segundos de TV.

Erros do PT
Estando atento e forte. Esse medo eu tanho também. Se eu for eleita, todos vocês ocuparão o meu gabinete, dessa forma não escolheremos atalhos e garantiremos coerência. A sedução para meter a mão no jarro é grande. A potência do nosso amor permite que tenhamos força. A sedução para fazer acordos com a direita é muito grande, por isso é necessário falar sobre essa brutalização.

Câmara
A Câmara não tem nem dez mulheres e as mais progressistas votam contra a classe trabalhadora. Precisamos chamar o voto para o Psol e tentar construir uma bancada. Com seis deputados no universo de 513 da Câmara Federal, fomos protagonistas da cassação do Cunha. O mesmo barulho vamos fazer aqui.

Centro
Vamos implementar o IPTU progressivo. Curitiba é uma das cidades com maior nível de especulação imobiliária, as casas não podem ficar vazias porque meia dúzia de pessoas quer ganhar dinheiro.