Documento analisa a relação entre a criação de animais para consumo aos vários danos causados ao nosso bioma, clima e biodiversidade

As relações entre a criação de animais para consumo e várias das crises ambientais atuais são o tema central do dossiê Comendo o Planeta: Impactos Ambientais da Criação e do Consumo de Animais. O livro foi produzido pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) sob coordenação de Cynthia Schuck, doutora pela Universidade de Oxford, consultora científica e coordenadora do Departamento de Meio Ambiente da SVB, em parceria com a jornalista Raquel Ribeiro.

O relatório, que pretende ser um guia abrangente no assunto tanto para leigos como para especialistas, deixa claro que as crises ambientais que nos ameaçam são profundamente ampliadas pelo consumo de carnes e derivados.

No mundo, por ano, são criados e abatidos mais de setenta bilhões de animais terrestres, e uma quantidade ainda maior de animais aquáticos para consumo dos sete bilhões de seres humanos do planeta. A criação desses animais demanda terra, água, alimento e energia, e emite dejetos sólidos, líquidos e gasosos que irão poluir a água, o ar e o solo.  Gerando, por conseqüência, um grande impacto ambiental.  “O uso extensivo de terras e recursos naturais pela pecuária resulta também da ineficiência energética na produção de alimentos por esse setor; em média, para alimentar os animais criados para consumo são usadas cerca de dez vezes mais calorias do que as contidas em sua carne. Ou seja, um desperdício de 90% das calorias dos cultivos vegetais usados como ração”, comenta Cynthia.

“A meta do guia é orientar a sociedade e mostrar que, sem uma mudança nos padrões de consumo alimentar atuais, as alterações ambientais em escala global já em curso poderão afetar a forma como viveremos em futuro próximo”, resume Ricardo Laurino, presidente da SVB.

As informações apresentadas no dossiê são respaldadas por estudos científicos recentes e dados oficiais de instituições governamentais e de pesquisa.

Comendo o Planeta apresenta alguns dados que ilustram o problema. Alguns exemplos:

– Atualmente, quase 30% das áreas terrestres do globo (a área do continente africano) são usadas como pastagem. Cerca de um terço de todas as terras aráveis se destina ao cultivo de ração.

– Quase 70% da área desmatada na Amazônia é usada como pasto. E, boa parte dos 30% restantes é ocupada para a produção de ração.

–  A construção de fazendas aquáticas já eliminou metade dos manguezais da Terra e um terço dos mangues brasileiros. A taxa de destruição já é maior do que a de florestas tropicais.

–  O setor agropecuário é responsável por mais de 90% do consumo global de água, e um terço deste volume se destina à irrigação e crescimento de cultivos para produzir ração.

– No Brasil, a cada quilo de camarão pescado, cerca de dez quilos de organismos marinhos são capturados acidentalmente.

– De 1990 a 2000, cerca de um terço da produção mundial do setor pesqueiro foi usado como ração para animais de cativeiro (inclusive para o gado).

– Sem a necessidade de criar e alimentar animais, poderíamos aumentar em cerca de 50% a quantidade de calorias disponíveis para consumo produzidas em terras agrícolas já existentes, e obter o suficiente para alimentar mais 3,5 bilhões de pessoas no planeta.

O relatório também discute a contribuição do setor pecuário nos níveis de emissão de gases de efeito estufa (GEE) no planeta, apresentando estudos recentes que mostram que medidas voltadas exclusivamente a melhorias na produção não serão suficientes para mitigar os altos níveis de emissão do setor.

Com copyright livre, Comendo o Planeta: Impactos Ambientais da Criação e do Consumo de Animais pode ser reproduzido na íntegra ou em partes (desde que citada a fonte).

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A versão digital completa do livro está disponível gratuitamente para download no link:http://www.svb.org.br/publicacoes/livros. A versão impressa custa R$ 10, e pode ser adquirida na loja da SVB: http://loja.svb.org.br/.