Os preços de pães fatiados, biscoitos, bolos e massas alimentícias podem sofrer um reajuste de 10%, em média, a partir de setembro, segundo os fabricantes. E nem mesmo a safra de trigo — que começa a ser colhida no fim do inverno — pode aliviar esses aumentos, segundo especialista no mercado internacional do produto que, em um ano, subiu quase 100%. “O mercado está super aquecido por causa da queda dos estoques mundiais de trigo”, esclarece Benedito de Oliveira, da Agência Rural. O preço da tonelada de trigo argentino para a entrega em dezembro, janeiro e fevereiro está em US$ 315 (já acrescido o preço para a entrega nos moinhos nacionais). Há um ano, era negociado a US$ 160 a tonelada.

“A tendência é que não ocorram mudanças porque estamos falando da safra 2007/2008”, esclarece o engenheiro agronômo Otmar Hubner, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado de Abastecimento e Agricultura (Seab). Apenas um novo ciclo da cultura poderá alterar o  mercado equilibrando a oferta e a demanda de trigo.

Além, do trigo os fabricantes de biscoitos justificam o reajuste como resultado do aumento de custos dos insumos  e embalagens. A previsão é do Sindicato de Biscoitos e Massas Alimentícias do Estado de São Paulo (Simabesp) e da Associação Nacional da Indústria de Biscoitos (Anib), estado que concentra a maioria das fábricas desse segmento. Através de comunicado da assessoria do sindicato, o presidente-executivo da entidade, José dos Santos dos Reis, ressalta que com relação aos preços das massas (macarrão), os pastifícios já promoveram o realinhamento e as massas frescas estão 10% mais caras e as secas, 8%.

Até agora o setor de biscoitos e massas tinha mantido os preços do final de 2006. “Acontece que as empresas já estão pagando os custos com aumento e foi preciso promover um realinhamento para que possam se manter sadias”, explicou dos Reis. Além disso, a maioria dos insumos são commodities, ou seja, têm seus preços regulados pelo mercado internacional.

Ele toma como exemplo o preço do pãozinho francês, “que subiu 10% o quilo nos supermercados pauslistanos. Isso indica uma pressão muito grande em cima das massas e dos biscoitos. Se as pressões não cessarem não sabemos o que poderá acontecer mais para a frente”, alerta.

Joaquim Gonçalvez Cancela, presidente do Sindicado da Indústria da Panificação e Confeitarias o Estado do Paraná, disse que, nas duas últimas semanas, os preços da farinha de trigo estão estáveis, mas que não há como segurar novos reajustes. Atualmente o quilo do pão francês é vendido entre R$ 4,50 e R$ 6,50.

O Brasil é o segundo maior produtor mundial de biscoitos, com 1.112 mil toneladas fabricadas em 2006, que representam um faturamento em torno de R$ 6,88 bilhões. O consumo anual per capita do consumidor brasileiro tem se situado em torno dos 6 quilos nos últimos cinco anos. No que se refere às massas, o Brasil detém o terceiro lugar no ranking dos países produtores, com um total de 1.066 milhões de toneladas produzidas em 2006 e um consumo per capita anual, de 5,8 quilos.
insumos

Os aumentos significativos nos setores de massas e biscoitos no período
Trigo
entre 25 e 30%

Gordura Hidrogenada
12%

Papelão
18%

Leite em Pó
50%

Cacau
18%

Ovos
50%
Fonte: Simesp/Anbid