
Os cartões-postais de Curitiba atraem turistas de todo Brasil. A cidade é reconhecida por sua arquitetura, gastronomia, cultura e, claro, pelos parques e áreas verdes. E a cada dia, novos roteiros são criados, estimulando o setor.
Embora de forma ainda tímida, um novo segmento tem chamado a atenção dos viajantes: o turismo literário. Nesta proposta inovadora, para além de apenas visitar os pontos turísticos e tirar fotos, o visitante tem a oportunidade de imersão na história. Assim, os espaços literários, que antes existiam apenas na imaginação do leitor, tornam-se físicos.
Unir as atrações naturais à literatura foi o que motivou a Experiência Estórias e Flores. Lançado no final de 2023 pela empresa Broder, o passeio é feito com bicicletas elétricas. O trajeto inicia no Memorial Árabe, com paradas no Bosque João Paulo II, Memorial Paranista, Orquidaria Rosita e Praça Nossa Senhora de Salette.
O roteiro é embasado em um conto criado pela escritora curitibana Marinês Roedel. A narrativa retrata a aventura de um personagem de um mundo de fantasia, que está à procura de um elemento natural para salvar o seu espaço: o pinhão.
Durante a jornada, a personagem encontra uma Charrete Imperial, que identifica como algo em comum com o mundo dela. Como o passeio tem uma proposta de experiência imersiva, as bicicletas usadas para percorrer o trajeto são chamadas de Charrete Imperial.
Patty Almeida trabalha como guia de turismo em Curitiba há sete anos e conta que essa foi a primeira experiência que teve com o turismo literário.
“As charretes nos permitem passar em lugares que não conseguimos com o carro. E temos contato com a história, que vai sendo contada em partes, conforme as paradas que vamos fazendo”, comenta.

Nicho deveria ser mais explorado, diz professor de Turismo
O turismo literário pode ser uma alternativa vantajosa, já que a cultura e a criatividade contribuem na diversificação da economia e geração de empregos. Nesse sentido, a Rede de Cidades Criativas, criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 2004, objetiva promover a cooperação internacional entre as cidades que identificaram a criatividade como um fator estratégico para o desenvolvimento sustentável urbano.
A Rede abrange sete áreas criativas: Artesanato e Artes Populares, Artes de Mídia, Cinema, Design, Gastronomia, Literatura e Música. Curitiba está entre as doze cidades brasileiras que compõem a Rede, na categoria Design.
O professor de turismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Vander Valduga explica que Curitiba optou por promover atividades voltadas para outros nichos turísticos, o literário não faz parte do conjunto de ações estratégicas do destino.
“O que nos chama atenção como profissionais do turismo é a pouca oferta de Curitiba em turismo literário e as descontinuidades disso ao longo do tempo. Enquanto outras capitais internacionais constroem imagens e imaginários nas pessoas a partir da literatura, Curitiba, com tantos escritores, não segue isso”, comenta Valduga.
Na opinião do especialista, isso se torna um problema, porque a descontinuidade de investimento afeta as cadeias produtivas da cultura e das artes. Além disso, prejudica a capacidade de uma cidade tornar-se diferente das outras.
“O que difere um lugar do outro é a cultura, a embalagem cultural associada. Pontes, infraestrutura, obras urbanas são fundamentais, porém, em longo prazo, viram commodities”, explica o professor.
Eventos
Curitiba oferece alguns eventos anuais voltados à Literatura, como o Festival Literário. A cidade também dispõe de espaços literários como a Biblioteca do Bosque Alemão, Biblioteca Hideo Handa, Biblioteca Pública do Paraná, Bondinho da Leitura, Casa da Leitura Augusto Stresser, entre outros. Isso quer dizer, que ainda cabem outros roteiros literários como o da Experiência Estórias e Flores.