O medo de dirigir e a insegurança levam muitas mulheres a procurar apoio com terapia e até em cursos de direção. É o caso da administradora de empresas Gislaine de Campos, de 44 anos. “Ninguém me incentivava a assumir o volante e por isso concluí que não tinha capacidade para isso.”
Ela tirou carteira de habilitação em 1983, mas até o ano passado não dirigia. “A insegurança virou medo e então decidi mudar a situação.” Gislaine procurou a Clínica Escola Cecilia Bellina, na qual o medo de dirigir é combatido por meio de terapia em grupo e muita prática.
Gislaine conta que terá “alta” em junho. “Agora faço de tudo: dirijo em vias rápidas, à noite e com chuva.” Segundo a psicóloga de trânsito Cecilia Bellina, que fundou a clínica em 1990, 98% dos atendimentos eram prestados a mulheres. Hoje, o público feminino responde por 85% do total. “Elas estão cada vez mais familiarizadas com os carros.”
Nos cursos de pilotagem defensiva e esportiva, as mulheres ainda são minoria. “Eram 20 homens e só eu de mulher. Eles ficaram admirados com meu interesse por carros”, conta a designer Alessandra Camargo, de 30 anos, que acaba de concluir um programa de direção esportiva no Centro de Pilotagem Roberto Manzini. Ela procurou o treinamento depois de uma colisão. “Concluí que não sabia como me prevenir de acidentes.”
Mas, além das noções de direção defensiva, ela resolveu fazer o programa esportivo, pelo qual já passaram muitos pilotos profissionais. É o caso de Ana Paula Lima, de 28 anos, que fez o curso para encarar as pistas. Vencedora do Campeonato Brasileiro de Motovelocidade de 2005, ela estreou este ano na Stock Car Junior, depois do treinamento no Centro de Pilotagem. “Desejo ter conquistas, mas no momento quero aprender. Agora comando um carro que acelera de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos.”
Helena Deyama, piloto de Rally de Velocidade e instrutora do curso de direção defensiva BMW Driver Training, diz que as alunas se destacam. “Elas são mais cuidadosas”, observa. “Muitas participam por causa do marido, mas há também as apaixonadas pelo mundo sobre rodas, como eu.”
SEM MEDO DAS TRILHAS
O Jeep Clube do Brasil promove cursos de pilotagem off-road para homens e mulheres, como a enfermeira Sibele Sanches, 30 anos, que diz gostar de ralis desde a adolescência. “Achava algo meio inatingível até meu primo participar do Rally dos Sertões.” Ela acaba de comprar um Chevrolet Tracker e já pensa em modificá-lo. “Aprendi muito sobre mecânica e vi que a suspensão dele é baixa para as trilhas que vou enfrentar.”
Moto – Também há cursos para mulheres que querem dirigir motocicletas. Um deles é oferecido pela STR Motos, autorizada Honda de Osasco, na Grande São Paulo. Gratuito, o programa tem módulos prático e teórico. Ocorre mensalmente na própria revenda.
Não é necessário ter habilitação para participar. “Mas mulheres habilitadas nos procuram porque não se consideram prontas para assumir o guidom nas ruas”, diz o instrutor David Albuquerque.
Dos 12 milhões de motociclistas no País, apenas 5% (600 mil) são mulheres. Os dados são da Associação Brasileira de Motociclistas