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A sustentabilidade é um dos fatores analisados durante a compra de imóveis, segundo estudo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e da Brain Inteligência Estratégica. Os entrevistados focaram em soluções como energia solar no imóvel (66%) e tecnologia para reutilização de água da chuva (56%), sem mencionar preocupação com o tipo de plantas usadas no paisagismo do edifício ou condomínio.

Isso porque, a maioria das pessoas não sabe que o paisagismo convencional usa espécies exóticas invasoras que impactam o bioma original. O livro “Paisagismo sustentável para o Brasil: integrando natureza e humanidade no século 21”, escrito pelo paisagista Ricardo Cardim, revela que 90% das espécies de plantas utilizadas em projetos de paisagismo no Brasil, o país de maior biodiversidade do mundo, vem de outros países, seguindo motivações estéticas e comerciais, desconexas da vegetação nativa com baixo potencial ecossistêmico gerando prejuízo a flora e a fauna locais.

O paisagismo regenerativo vai na contramão do paisagismo comercial e aposta em espécies nativas, endêmicas e em risco de extinção, com o objetivo de propagar a difusão da flora local, garantindo um viés sustentável para o projeto. No Muda WF, empreendimento da incorporadora Weefor, 100% das espécies são nativas, 17% são endêmicas e 17% estão em risco de extinção. O arquiteto e paisagista Felipe Ferreira, concebeu o projeto, com a consultoria de Iago de Oliveira, da Bloco Base, visando a regeneração dos ecossistemas urbanos.

“No subsolo aliamos o paisagismo naturalista ao paisagismo regenerativo, pretendendo ser o mais fiel possível a uma faixa de mata nativa. A proposta é gerar a sensação de que aquelas plantas sempre estiveram ali no terreno e o edifício cresceu entre elas. O paisagismo regenerativo também foi usado no ático, com espécies nativas de diferentes tamanhos, cores e texturas para que os moradores se sintam convidados a usar esse espaço externo”, explica Felipe.

Outros benefícios de um paisagismo sustentável, naturalista e regenerativo são: a contribuição com a paisagem local, para um caminhar mais agradável nas redondezas do edifício, conforto termo acústico dos moradores e a dispersão das sementes para regeneração urbana.

“Toda vez que ventar no Água Verde as sementes do Lírio dos Ventos (espécie nativa em extinção) estão sendo difundidas pelos arredores. Uma solução muito simples, mas muito arrojada, que contribui com a manutenção do bioma natural das cidades”, explica Iago.

Espécies em destaque no MUDA WF

“Butiá-da-Serra” (Butia eriospatha): corre risco de extinção, sendo considerado vulnerável. O seu declínio natural é dado pelo avanço indiscriminado das fronteiras agrícolas nos Campos de Altitude. Também, existe a suspeita científica que não exista mais na cidade de Curitiba graças ao avanço da urbanização e impermeabilização do solo.

“Xaxim-Bugio”: também sofre ameaça de extinção, sendo classificado como em perigo. Sendo historicamente alvo de extrativismo para confecção de vasos de xaxim, a espécie tem crescimento lento e os espécimes adultos removidos podem ter mais de 200 anos, sendo que a sua regeneração é lenta e não acompanha a devastação.

Jacarandá Puberula: caracterizada por árvores de até 20 m de altura (6 pavimentos). Apresenta uma floração roxa azulada, que fará parte da vista dos apartamentos do MUDA. É encontrada em diferentes fitofisionomias de Mata Atlântica, em matas de araucária, floresta ombrófila costeira, floresta estacional semidecídua, florestas montanhosas e em cerradão, capoeiras e vegetação secundária. Além de fins ornamentais, é usada na construção civil, caixotaria, celulose, cepas de calçados, e em restauração florestal.