Dentre tantas notícias ruins a respeito desta pandemia que, além de seifar mais 60 mil vidas só no Brasil, ainda está paralizando o comércio e levando todos a bancarrota. Parece até fútil em um momento tão complicado “comemorar” algo tão abstrato. Porém, o tempo é de propagar boas novas. 

E uma delas é a pista de grama do Hipódromo do Tarumã, localizado na Avenida Victor Ferreira do Amaral, em fente ao antigo Estádio do Pinheirão. Lendo uma primeira vez sobre o assunto, os mais leigos com certeza não irão entender o tamanho da conquista. Entretanto, ela é enorme. 

O dinheiro da obra deve chegar até o fim do ano, quando forem substituídas as cercas e a iluminação for modelada, em um milhão de reais. E esse dinheiro não veio das apostas ou de algum financiador, muito menos do Governo do Estado do Paraná ou Prefeitura de Curitiba. 

Mesmo o Jockey Club do Paraná se aproximando dos 150 anos, dinheiro público não faz parte da pauta do governo ou cidade. Muito pelo contrário, a cada ano o IPTU vem maior e a dificuldade para negociá-lo é enorme. 

O dinheiro veio de apaixonados pelo turfe e, principalmente, pelo Jockey Club do Paraná. Foram feitos leilões beneficentes de coberturas por dois anos. Também foi feita uma rifa de um carro zero quilômetro, além de um leilão de potros no ano passado, em que dez criadores doaram seus animais. 

É óbvio que também tivemos doações, a maior delas da Associação dos Criadores e Proprietários de Cavalos de Corrida do Paraná. Tudo para realizar o impossível: viabilizar em uma capital que tem o clima mais frio do país, uma pista de grama plantada sob a areia que lá antes existia. 

Enfim, algo surreal que hoje está se transformando em palpável. De uma vista panorâmica, é emocionante ver a relva verde na totalidade da pista interna, que antes servia para trabalhos e agora promoverá provas que nunca aconteceram, desde o antigo Prado Jacome. Provas em pista de grama no Jockey Club do Paraná. 

Entenda o projeto: 

Devido ao clima curitibano, a grama quicuio foi a escolhida por engenheiros agronônomos contratados para estudar a viabilidade. Porém, antes mesmo de começarem as obras na raia interna, utilizada para treinos de potros e onde se encontrará a pista de grama, teve que ser construída uma pista para substituí-la. 

E assim foi feito. Hoje o Tarumã conta com uma raia de 1.200 metros, com a uma variante que aumenta a distância para trabalhos, semelhante ao que existe nos centros de treinamento da serra carioca. A cerca é feita de PVC, grande aliada dos profissionais em caso de acidentes. 

Depois desta etapa ser concluída, começou em janeiro deste ano o plantio das primeiras mudas, na reta de chegada. Era até engraçado ver no começo algumas mudas lutando contra o sol escaldante do verão, cercadas por vastos espaços de terra. Porém, nenhuma planta cresce sem ser regada. E foi instalado um moderno sistema de irrigação para que a relva turfística crescesse. 

Hoje, após muito trabalho e união de muitos, a grama está visível e grande em boa parte da pista. A tendência é que a mesma cresça e sofra uma poda, até que seja inaugurada em dezembro, quando acontecerão as festividades do Grande Prêmio Paraná. 

Ainda faltam algumas adequações, como a substituição da cerca, que hoje é ainda a mesma de décadas, feita de madeira e que oferece risco mortal aos animais e aos jóqueis em caso de colisão. A iluminação também terá que ser adequada, uma vez que quando o hipódromo voltar a receber público, as corridas que agora estão sendo realizadas a tarde voltarão a ser noturnas. 

Enfim, é “o sonho dos sonhos” se realizando. Como dito acima, parece algo fútil para os leigos. Contudo, para quem ama o turfe, chega a “arrepiar” ver o velho e amado Hipódromo do Tarumã com uma pista de grama. Sonho de muitos e hoje uma palpável realidade.