Karol Loureiro – Turfe em Revista

Existe um fenômeno muito interessante por trás da corridas de cavalos: o glamour. Por mais que o turfe brasileiro já não tenha o mesmo charme do século passado, ainda hoje às corridas e os cavalos despertam a curiosidade e imaginação de quem não vive nesse nosso universo. 

Eu mesmo posso atestar sobre esse assunto. Mesmo tendo cavalos considerados “baratos”, comprados em diversas parcelas ou em claiming, todos tratam comigo sobre o assunto como se fosse algo milionário, que custasse verdadeiras fortunas. E na verdade custa, não para os pequenos proprietários, porém para quem almeja brilhar dentro do turfe nacional.

E ontem fui dormir pensando nisso, após assistir o primeiro dia do Festival do Grande Prêmio São Paulo: qual o preço da vitória? 

Bom, primeiro vamos falar de Hevea, melhor égua do turfe paulista e que deu mais um show ontem, no Grande Prêmio OSAF (G1). Há questão de dia meses ela foi vendida em leilão por R$ 240.000,00. Se dividirmos por R$ 5,67 e olharmos o preço em dólar, parece barato. Porém, foi o animal em treinamento mais caro vendido em 2020. 

O comprador é o maior haras do Brasil hoje em dia, o Santa Maria de Araras. O investimento foi muito maior pensando no futuro que qualquer outra coisa. Ela tem um valor genético enorme, fruto do belo pedigree que ostenta. Contudo, deixada inteligentemente na equipe que treinava a mesma para seu antigo dono, Telmo Estrella, já venceu com a nova farda uma prova de Grupo 2 e ontem seu primeiro Grupo 1. 

O valor dos prêmios não chegará ao preço gasto, ainda mais se for somado o valor pago mensalmente para ela ser treinada, tratada, atendida por um médico veterinário e os suplementos alientares que todo atleta precisa usar. Entretanto, vencer uma prova de Grupo 1 é o suprassumo do esporte. Então por mais que o Santa Maria de Araras já tenha vencido provas graduadas antes, para o futuro dela como matriz, o valor residual dessa vitória é muito maior que R$ 240.000,00.

E o que falar do Stud JCR, que venceu uma carreira incrível ontem com No Way José, no Grande Prêmio ABCPCC (G1). Bruno Ribeiro, titular do Stud e de um dos maiores laboratórios veterinários do Brasil, depois de tanto investimento nas corridas de cavalos ontem teve um dia inesquecível. 

Pra entender o comprometimento da empresa – e de Bruno com as corridas de cavalos, seu laboratório tem uma linha exclusiva para corridas de cavalos, que leva o nome do Stud – JCR, em homenagem as iniciais do nome de seu pai. A empresa de Bruno patrocina o Jornal do Turfe (principal impresso segmentado em Turfe da América do Sul), os Jockeys Clubs e ainda é patrocinador master do Jockey Club de Sorocaba, segmentado em cavalos da raça quarto de milha de velocidade. 

Enfim, Bruno e o Stud JCR são grandes investidores no turfe, inclusive dando seus primeiros passos na criação. Com certeza o valor investido nos cavalos é infinitamente maior que a dotação da prova de ontem. Porém, se perguntarem a Bruno Ribeiro se o investimento vale a pena, com toda certeza a resposta será “sim”.

E esse é o preço da vitória: NENHUM. Uma vitória não tem preço! Independente do páreo, do hipódromo ou da ocasião. Vitória é vitória e a emoção é única. O sentimento e as lembranças são para sempre, principalmente quando se trata de um Grupo 1. Tanto o Haras Santa Maria de Araras quanto o Stud JCR, ao vencerem as principais provas de ontem, não ganharam apenas um troféu, mas colocaram seu nome na história do turfe paulista e brasileiro. 

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