O livro “Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos”, do analista de risco Nassim Nicholas Taleb, desenvolve um conceito para ser usado na economia. Para entendermos melhor, vale compreender o conceito de fragilidade, de acordo com o dicionário:

1. que se espedaça ou quebra facilmente; quebradiço. 2. que enguiça ou se danifica com facilidade; delicado. 3. falta de vigor físico; franzino; debilitado. 4. pouco estável; sem solidez.

Trazendo isso para a economia e investimentos, a lógica é a seguinte: há uma série de variáveis incontroláveis no momento de aplicar os seus recursos. Exemplo: todos os fundamentos de uma ação podem se mostrar positivos, mas uma crise política afetar todo o cenário e fazer com que o investimento seja afetado. De forma muito simples, ao entender e aceitar a própria antifragilidade, o investidor é capaz de se sair melhor neste verdadeiro caos, tomando as decisões mais acertadas para aquele momento.

Com o passar do tempo, ser capaz de lidar com esse tipo de situação faz com que o investidor busque conhecimento e confiança: é como se o caos contribuísse no desenvolvimento desta pessoa. “A antifragilidade não se resume à resiliência ou à robustez. O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor. Essa propriedade está por trás de tudo o que vem mudando com o tempo: a evolução, a cultura, as ideias, as revoluções, os sistemas políticos, a inovação tecnológica, o sucesso cultural e econômico, a sobrevivência das empresas…”, escreve Taleb, em seu livro.

A metáfora com a corrida

Lendo um livro que apresentou o conceito de antifrágil, me passou à cabeça a relação com a corrida. Temos que buscar ser corredores antifrágeis e isso, assim como com os investimentos financeiros, só com o tempo, treino e paciência – algo que falta a quase todo mundo, inclusive este que vos escreve.

Por mais que você se prepare para uma prova, no volume, no fortalecimento, na dieta, suplementação, entre outros pontos, há uma série de fatores que estão longe do controle de um corredor, em especial o clima: calor ou frio; vento contrário; chuva, sol ou neve; umidade alta ou baixa; altimetria. É muito provável que, em determinado momento, o corredor precise tomar decisões importantes, sob o efeito do cansaço físico e mental, especialmente em provas longas ou nas tentativas de quebrar suas melhores marcas.

Um dos grandes desafios é descobrir o que deu errado nas tentativas de tentar ser um corredor melhor. Há todo o aspecto de treinos e fortalecimento, mas também as tentativas de treinar a mente para suportar aquela carga e intensidade. Na introdução do livro, Taleb fala sobre “apreciar o erro”:

“O antifrágil aprecia a aleatoriedade e a incerteza, o que também significa — acima de tudo — apreciar os erros, ou pelo menos certo tipo de erro. A antifragilidade tem uma propriedade singular de nos capacitar a lidar com o desconhecido, de fazer as coisas sem compreendê-las — e fazê-las bem. Permita-me ser mais incisivo: somos muito melhores agindo do que pensando, graças à antifragilidade. Eu preferiria ser ignorante e antifrágil a extremamente inteligente e frágil, em qualquer ocasião”.

Trata-se de um aprendizado e de uma reflexão, que serve para inúmeros aspectos da vida, incluindo a corrida.