Uma das dúvidas mais frequentes de corredores é: quando devo trocar meu celular por um relógio?

É inegável que a corrida é um esporte democrático. Em essência, não há necessidade de roupas mais elaboradas ou tênis ultra tecnológico: basta colocar um pé na frente do outro. Por outro lado, na medida em que as pessoas se apaixonam pelo esporte, elas tendem a buscar mais informações e equipamentos que estejam alinhados às suas expectativas. Por isso, é normal que os corredores procurem por tênis e equipamentos mais avançados com o passar do tempo.

Em determinado momento, haverá a pergunta cruel: é hora de abandonar o meu celular e comprar um relógio? Dentro da lógica dessa evolução gradual, é comum que os corredores comecem usando o seu celular e os diversos aplicativos disponíveis – Nike Run Club, Strava, Runtastic, Runkeeper, Adidas Sports & Style, entre outros. Boa parte deles funciona perfeitamente e resolve o problema de marcar as distâncias, saber como foi a corrida, o tempo total, as marcações por quilômetros, entre outros dados.

Para mim, contudo, o relógio mudou a minha forma de correr. Assim como um gestor de empresa gostaria de ter informações em tempo real para fazer os ajustes necessários em sua cadeia produtiva, o relógio faz isso por mim. Os modelos mais simples das principais marcas do mercado – uso um Garmin Forerunner 35 – oferece todas as informações essenciais para o corredor: tempo transcorrido, pace, frequência cardíaca, zona cardíaca, número de passos, cadência, altimetria e por aí vai.

Além disso, mesmo os modelos mais simples costumam contar com ferramentas bastante importantes para um corredor: configuração de treinos intervalados (você pode inserir distância, tempo do intervalo, de aquecimento e desaquecimento) e um pacer virtual (no qual você estabelece um ritmo, e o relógio avisa se você está dentro, acima ou abaixo desta faixa periodicamente).

Uma grande vantagem…

Por muito tempo, fui dependente da música para correr. Não pensava sequer em sair de casa sem um fone de ouvido. Neste ano, 90% dos meus treinos foram feitos sem música, mas 100% deles foram feitos com o relógio. São as informações apresentadas por ele que uso para seguir as orientações do meu treinador e para fazer um planejamento de prova.

Desde que comecei a correr com o relógio, no fim de 2017, meus tempos de prova mudaram consideravelmente. Saí de 10 kms em 48 minutos para 42; 21 kms de 1h55 para 1h36; 42 kms de 4h40 para 3h38. Há muito treino e dedicação por trás desses números, mas também existe uma coisa que considero fundamental (ainda mais para um jornalista): informação na hora em que você mais precisa.

Em Florianópolis, me mantive até onde pude no ritmo que eu queria terminar a prova, de 4 minutos e 50 segundos por quilômetro. Sem o relógio, eu teria reduzido o ritmo muito antes, sem sombra de dúvida.

… e uma dificuldade

Ao mesmo tempo, a informação é um limitador. Se você está acostumado a treinar a um determinado ritmo, existe uma tendência a correr mais rápido em provas, quando o corpo tende a estar descansado e há um objetivo por trás. Neste caso, a informação trazida pelo relógio pode criar uma barreira mental a ser superada. É um desafio enfrentado por muitas pessoas – grupo no qual eu me incluo – de olhar o relógio e pensar: “Será que sou capaz de terminar a prova neste ritmo?”

Outro ponto a se preocupar é a dependência: a facilidade que a tecnologia traz, neste caso, acaba fazendo com que nos tornemos reféns. Não consigo nem imaginar como seria treinar sem um relógio atualmente!

Conclusão

Se você já sabe que gosta de correr e está disposto a ter uma performance melhor, o relógio é um excelente investimento. Se você é novato na corrida, o seu celular vai ter as informações básicas para você se apaixonar por esse esporte. Quanto mais nos aprofundamos nele, percebemos que vai muito além de colocar um pé na frente do outro.