Condrati

O objetivo é ousado: incentivar a criação de uma ultramaratona oficial ao redor da capital paranaense já para o ano que vem

Concluir uma ultramaratona – provas com distância superior a 42 quilômetros – já é um desafio e tanto. Imagine, então, correr 137 quilômetros com dois propósitos muito claros: (1) treinar para uma prova que será realizada fora do Brasil e (2) servir de referência para criar uma prova com essa distância aqui mesmo em Curitiba. Foi isso que o ultramaratonista Cesar Condrati, que atua na área de seguros, fez há exato um mês, no dia 23 de fevereiro, dando o pontapé inicial de um projeto maior.

Largou meia noite do dia 23 em Campo Largo e passou por outros 8 municípios da Região Metropolitana de Curitiba: Araucária, Fazenda Rio Grande, São José dos Pinhais, Piraquara, Pinhais, Colombo, Almirante Tamandaré e Campo Magro, concluindo o ciclo novamente em Campo Largo. Foram 137 quilômetros em 15’34’’41, sendo que 12’57’’ em movimento.

“Foi praticamente tudo como planejado. A única coisa que não esperava foi o sol – a previsão do tempo informava tempo nublado e simplesmente o sol deu as caras o tempo todo. Isso me fez atrasar (reduzir o ritmo) no último trecho, já na hora do almoço. O percurso é variado entre asfalto e estradas de chão, com subidas mais frequentes na segunda metade, em Colombo, Almirante Tamandaré e Campo Magro. Por sorte tive um ‘anjo da guarda’ me acompanhando o tempo todo: Marco Piazza, meu treinador, que foi de carro”, relata Condrati.

Um propósito maior

O percurso serviu de treino para sua prova-alvo: a Umstead100, que ocorre no final de semana de 6 e 7 de abril, uma semana antes da Maratona de Boston, a mais tradicionais das provas de 42 quilômetros, a qual Condrati obteve o índice.

A Umstead100 se trata de um percurso de 100 milhas – 160 quilômetros – que deve ser concluído em um limite de 30 horas. O sacrifício ao que se expôs, mais do que um desafio pessoal, é uma tentativa de ter uma ultramaratona deste porte ao redor de Curitiba. “A terceira e última parte desse projeto é unificar as outras duas. Realizar uma volta em Curitiba com a distância de 100 Milhas (160km), e torná-la uma prova oficial realizada anualmente”, diz Condrati.

De acordo com ele, a ideia é que uma empresa se responsabilize pelo evento, sendo ele um dos responsáveis pela parte técnica e detalhes gerais, especialmente em relação ao bem-estar dos corredores. Outro cuidado é que o evento tenha sua renda revertida a ações sociais.

Os ultramaratonistas ainda têm poucas opções de provas no Brasil. “São poucas provas realizadas no Brasil que possuem essa distância: em 2017, o Brasil teve 8 provas desse tipo, com menos de 200 concluintes ao todo. Nos Estados Unidos, foram 129 provas no ano e 8 mil concluintes. O número de corridas que possuem a distância de 100 milhas nos Estados Unidos é maior até que o total de provas acima de 42km aqui no Brasil”, revela.

Lições

Vários amigos e apoiadores estiveram ao lado de Condrati durante o trajeto de 137 quilômetros. Alguns deles correram parte do trecho, outros acompanharam e deram apoio em hidratação, além de suporte psicológico. “Treinamento e planejamento são fundamentais. Então, dedicação e comprometimento devem estar sempre consigo. Pessoas próximas lhe apoiando também são essenciais: sem uma equipe durante os treinos e no próprio desafio complicaria finalizá-lo com sucesso”, conta.

O ultramaratonista também dá dicas para os corredores na véspera de seus objetivos. “Nos últimos dias (pré-prova), não deve alterar sua rotina. Nada de experimentar coisas novas, tanto de alimentação quanto de métodos de treinos ou até mesmos passeios cansativos. Portanto, descansar alguns dias antes, se possível, reduzindo o volume de treinos, é importantíssimo. Você chegará com mais energia para concluir aquilo a que se dispôs”, sugere.