Arquivo pessoal/Mauro Mueller

A série Craques da Imprensa, do blog Entrelinhas do Jogo, do Bem Paraná, traz hoje a entrevista com Mauro Mueller, apresentador do Show de Bola, da Rede Massa SBT, e autor de um blog sobre esportes. Filho de radialista, ele também vem fazendo história na música e nas artes cênicas. No rádio, ajudou a criar um modelo inovador de jornalismo esportivo, na rádio Transamérica, em 2001, adicionando humor e agilidade às transmissões. No SBT, participou da construção do Show de Bola, contribuindo para mais uma renovação da linguagem do jornalismo esportivo paranaense.  

Entrelinhas — Como virou profissional da imprensa esportiva? Era sonho de infância ou acabou decidindo depois?
Mauro — Com 10 anos comecei a jogar vôlei na escola. Eu era um bom levantador e jogava em seleção das escolas, times pequenos e amadores, até que um dia eu e um amigo fomos convidados a treinar no Sulbrasileiro, mas minha mãe não deixou ir a Porto Alegre. Paralelo a isso, com 15 anos comecei a trabalhar em rádio e os treinos foram ficando em segundo plano. Comecei a compor minhas músicas com 11 anos, já montava minhas bandas, porque tocava na fanfarra da escola, na banda de música do Rotary Club, era filho de radialista, cresci ouvindo histórias do rádio e da TV, me apaixonei pela comunicação e meu trabalho foi sendo todo voltado a ser um locutor, apresentador e comunicador. Em 2001, eu já era coordenador artístico da Rádio Transamérica e fui encarregado de montar o projeto do Transamérica Esportes Curitiba. Apesar de estar próximo das transmissões esportivas das rádios em que trabalhei antes, nunca tinha feito crônica esportiva até então e montando o novo projeto de esportes da rádio, tive a chance de aprender a fazer rádio esportivo, enquanto gerenciava toda a parte artística e estrutura plástica daquele projeto, que está no ar até hoje.  

Entrelinhas — Você também é músico, compositor e ator. Quais os melhores momentos que viveu nessas outras atividades?
Mauro — Como músico, é indescritível estar num palco e cantar as minhas músicas e logo após receber o aplauso. Cantar para milhares de pessoas é muito bom, mas também é legal fazer shows para 200, 400 pessoas e receber respostas mais perto. E hoje, como o YouTube e redes sociais, a música se divulga a cada dia e recebo e-mails, mensagens nas redes sociais de pessoas que ouvem e gostam das canções. Não preciso parar de compor, para poder me dedicar aos meus outros ofícios. Nada atrapalha o que faço. Como ator desde 2007 (quando comecei a fazer teatro), o teatro melhorou bastante o apresentador de televisão que sou, me dando mais técnicas e melhorando minha performance em frente às câmeras. Participei em mais de 50 espetáculos. O melhor momento em teatro foi fazer um espetáculo inteiro em que, além de fazer parte da produção, finalizei o texto e organizamos toda a divulgação, em todas as apresentações foram com a sala lotada, em uma das temporadas da peça Doce Ditadura, da Cia Navegantes de Teatro.

Entrelinhas — No Show de Bola, você conseguiu criar uma nova linguagem. Tem humor, mas sem deboche. É um programa ágil, mas sem ser superficial. Como chegou a essa fórmula?
Mauro — Quando fui chamado a apresentar o Show de Bola, a recomendação era exatamente fazer diferente do que havia nos programas esportivos dos outros canais. A primeira versão do programa até tinha humor, mas não era de humoristas, ficando restrito à linguagem que eu empregava nos textos, nos Offs dos VTs e na descontração, o que eu gostava, mas sentia a falta de humor, assim como eu implantei no Transamérica Esportes, com o Tio Américo, depois o Boy e enfim, o ET. A segunda versão tinha o Mauro Singer, que era engraçado. Depois os 3 torcedores voltaram a integrar o elenco da TV, nos VTs e desafios com muito humor. Por fim, eu fiz a sugestão ao nosso diretor na época, para chamar o ET da Transamérica. Assim fechou o formato que hoje está no ar, com a Kelly Pedrita, eu e o ET como apresentadores do programa. Quando coordenei a Rádio Transamérica, tudo o que eu elaborava tinha pitadas de humor e essa escola foi muito importante para fazer o que eu faço hoje. Desta forma, o programa inteiro tem a medida certa de informação e humor, sem perder a linha esportiva, que é a mais importante. Este sou eu, desde que entrei para a crônica esportiva, montando o Transamérica Esportes. Assim eu gosto, fazer do esporte um pano de fundo para aliviar as tensões da televisão rígida, usando o futebol como mola mestra da descontração e levando informação na medida certa, para um telespectador exigente, que ao assistir dá boas risadas vendo seus ídolos do esporte. 

Entrelinhas — Qual o melhor momento que já viveu na carreira?
Mauro — Foram vários. As primeiras vezes são inesquecíveis. A primeira locução de rádio (na Ilha do Mel FM), a primeira vez na televisão (Som Iguaçu de clipes e entrevistas), a primeira peça de teatro (A Comédia da Panela), o primeiro show da minha banda (Anestezia), o primeiro Show de Bola (18/01/2010)… mas este momento que estou vivendo é muito legal e é a melhor fase da minha carreira na TV.

Entrelinhas — Qual a melhor parte de ser profissional da imprensa esportiva?
Mauro — Na escola do voleibol eu aprendi a respeitar o professor, o técnico, o mestre, ser parte de uma equipe, fazer valer o plano coletivo para crescer individualmente, colaborar e receber colaboração, reconhecer acertos e tentar acertar sempre, me preparar a cada dia para ser melhor naquilo que faço. Sou competitivo, sem ser alucinado. Até hoje faço minhas corridas, jogo vôlei, basquete, pratico esporte. O convívio com o público é muito legal, tenho contato direto com estes fãs através das redes sociais, indo a escolas e universidades, conversando sobre saúde e boas práticas da vida, levando informação com humor. É um trabalho que leva a alegria, então me renovo a cada dia.

Entrelinhas — E qual a parte mais difícil, mais complicada na profissão?
Mauro — Pra ser sincero, não há complicação. Claro que dificuldades sim, temos. Mas, complicado é pegar busão 5h da manhã e trabalhar numa obra, construir um prédio de 20 andares, carregar um carrinho de mão no décimo nono andar e olhar lá pra baixo. Isto é complicado. Fazer rádio, música, teatro e televisão é gostoso, gratificante, é empolgante.  

Entrelinhas — As redes sociais provocaram mudanças no jornalismo esportivo e na sua maneira de trabalhar?
Mauro — Há uma intolerância nas redes atualmente. Há muito tempo eu costumo chamar de redes anti-sociais. Até o Faustão concordou comigo (rsrsrs). As pessoas escondidas atrás de um computador, sem fazer cadastro de pessoa física, com seu “nickname”, se acham na liberdade de ofender. Mas, quando eu tenho a oportunidade de trocar ideias com gente das redes sociais e que tem seus nomes estampados, faço até amizades.

Entrelinhas — Já teve problemas com os chamados 'haters'?
Mauro — Eu não paro para chorar uma crítica. Tenho minha conduta, tenho personalidade e escrevo o que penso. Tenho minhas convicções e posso debater sobre elas, sem me preocupar com o que vão achar e geralmente me dou bem com ótimos debatedores. Tive um problema uma vez, quando uma pessoa inflamou “amigos” contra uma matéria que fiz. Recebi 85 mensagens me atirando todo o tipo de ofensas. Com tempo, respondi uma a uma e descobri gente muito legal, escondida atrás de um computador, mas que não sabiam muito bem o que estavam criticando. Assim como os quarentões estão aprendendo a se comunicar via redes sociais, os mais novos estão aprendendo a se comunicar com o mundo. Trocamos informações e eu também aprendo. 

Entrelinhas — Você fala/escreve sobre suas atividades? Ou aborda outros temas nas redes sociais?
Mauro — Escrevo tudo o que me chama atenção. Se quero escrever sobre política, saúde, esporte, profissões, rádio, tevê… e sempre recebo muitas críticas e ofensas também. Mas, sei lidar muito bem com esse tipo de coisa e nunca deixarei de dar a minha visão do mundo que me rodeia. Sou um cidadão, antes de tudo. Me preparo e estudo muito antes de formar uma opinião e como não sou torcedor de uma só bandeira, seja esportiva, política e social, sei bem o que quero e como escrever. Mas, vou avisando que não sou perfeito.

PERGUNTAS RÁPIDAS, RESPOSTAS CURTAS:

Melhor jogador do mundo na história: Pelé
Melhor jogador do mundo na atualidade: Cristiano Ronaldo
Três melhores jogadores do futebol paranaense em toda história: Um de cada time: Sicupira, Krüger e Ricardinho 
Três melhores jogadores em atividade em clubes paranaenses hoje: Wilson (Coritiba), Pablo (Atlético) e Richard (Paraná)
Melhor técnico do mundo na história: Mário Jorge Lobo Zagallo
Melhor técnico do mundo na atualidade: Bernardinho do Vôlei
Maior time da história do futebol: Barcelona de Messi&Guardiola
Maior time da história do futebol paranaense: Atlético de 2005, Coritiba de 1985 e Paraná de 2007
Melhor jogo de futebol que já assistiu: Brasil x Alemanha (final da Copa de 2002)

Clubes do coração: Chicago Bulls, Manchester City 

Ídolos fora do esporte: Meu pai (Milton Mueller), Charles Chaplin, Bono Vox, Sinnead O’Connor, Paulo Leminski, Renato Russo, Cazuza, Herbert Vianna, Cássia Eller, Zélia Duncan, Paulo Miklos, Silvio Santos, Chacrinha, John Lennon, Paul MacCartney, Wayne Hussey, David Bowie, Tom Hanks, Charlize Theron, Bette Davis, Marilyn Monroe, Morgan Freeman.
   
Esportes que já praticou: Vôlei, Basquete.
Hobbies: Vôlei, Basquete, futebol e Carrinho de Controle Remoto.
Locais preferidos em Curitiba: Largo da Ordem, Largo São Francisco e Santa Felicidade.
Três melhores jornalistas esportivos brasileiros: Osmar Santos, Milton Leite e Carlos Kleina.
Três melhores jornalistas esportivos paranaenses: Lombardi Jr, Carlos Kleina e Dirceu Graeser.

Currículo: Radialista desde os 15 anos de idade, comecei como operador de áudio na Rádio AM Nova de São José dos Pinhais, como locutor na Ilha do Mel de Paranaguá, passei pelas principais rádios de Curitiba (Inter99, 94FM, Transamérica, Alternativa, Jovem Pan, Mix FM, Cidade FM, 91Rock) e de São Paulo (Transamérica e Cidade). Em televisão, na TV Iguaçu (Grupo Paulo Pimentel), TV Exclusiva e TV Transamérica, TV Iguaçu (Rede Massa). Além de locutor e comunicador, coordenei as rádios Alternativa, Transamérica, Mix FM e 91Rock, quando tive a oportunidade de criar vários projetos de rádio e televisão de muito sucesso de audiência. Como radialista, músico e compositor, fiz vários projetos culturais, como movimento Arromba das bandas independentes, eventos de música e ações de apoio à música local, na Tv e no Rádio. Ator desde 2007, tendo sido premiado com o troféu Ademar Guerra de ator revelação em 2007 no Festival de Fim de Ano do Teatro Lala e em 2009 com o prêmio melhor ator protagonista, interpretando o Pai, na peça “Seis Personagens a Procura de Autor”. Poeta, escritor, tenho um blog de textos livres, sou colunista do portal Massa News, em 2016 lancei o livro CONTRA-TEMPO, entre contos e poemas. Vocalista da banda Fundação Elétrika e tenho músicas no YouTube, Soundclound, etc… em outubro lanço um novo vídeo clipe da música CAOS, é só buscar no google pelo Mauro Mueller e vai me conhecer melhor.