Geraldo Bubniak – Tiago Nunes: ele soube aproveitar o Campeonato Paranaense

O amistoso da seleção brasileira com El Salvador parece um jogo inútil. Parece, mas não é. Pode ser algo tão útil quanto o Campeonato Paranaense. 

E não estou sendo irônico. 

Ironia seria disputar o Paranaense com time principal e desperdiçar tempo, energia e dinheiro atrás desse título. 

O ideal, claro, seria reduzir as datas dos estaduais e adaptar a competição ao calendário nacional. Enquanto isso não é possível, os grandes clubes podem transformar o Paranaense em algo útil.

É o que o Atlético fez nos últimos anos. Usou para revelar talentos, para ampliar a fase de formação até os 23 anos e para dar uma nova chance a jogadores em fase complicada na carreira. Deu certo. O time principal foi poupado do desgaste dessa competição e o elenco sub-23 aproveitou da melhor maneira.

O Coritiba até chegou a flertar com essa ideia e esboçou um sub-23 em alguns momentos do Paranaense nos últimos anos. No entanto, até agora o Coxa não conseguiu uma fórmula adequada para lidar com o Paranaense. E segue usando o Estadual para criar ilusões para o campeonato nacional.

O AMISTOSO
Será uma grande perda de tempo se o Brasil só enfrentar adversários como El Salvador nos próximos meses. No entanto, esse é o momento ideal para pegar um time mais fraco. Após uma eliminação em Copa do Mundo, o ambiente sempre fica amargo na seleção. Um jogo tranquilo, com goleada quase certa, pode ajudar nesse sentido. Também ajuda para introduzir novatos nesse novo ciclo de quatro anos.

Lançar novatos na seleção é uma tarefa complexa. Se o momento for tenso e o jogo for muito difícil, pode criar um trauma e desperdiçar talentos precocemente. O grau de dificuldade das partidas deve ser gradativo. Espero que esse seja o plano de Tite e da CBF. E que, nos próximos amistosos, os adversários sejam mais difíceis. E que, pouco a pouco, os novatos comecem a assumir mais responsabilidades.

Outra utilidade desses amistosos contra mais fracos é testar determinados aspectos da parte tática. 

“Amistoso de hoje é bom para testar como o Brasil se sai com a posse de bola no ataque, de frente para o gol. Já é possível ver um Neymar cada vez mais '10' e flutuando por todo o campo, e Arthur articulando como um típico meiocampista espanhol”, explicou o jornalista Leonardo Miranda, estudioso da parte tática do futebol.