A mitologia do futebol brasileiro leva uma parte da torcida a acreditar que “raça”, “garra” e “sangue nos olhos” sempre são os elementos essenciais para o sucesso de uma equipe. De fato, são ingredientes que fazem parte do jogo, mas nem sempre explicam o fracasso.
É o caso do Coritiba em 2018. Em nenhum momento faltou esse espírito de luta por parte dos jogadores.
É verdade que, em alguns momentos, a apatia tomou conta da equipe. Mesmo assim, acredito que a melhor explicação para esse fenônemo é a falta de confiança e as doses elevadas de nervosismo e de ansiedade.
O grande problema do Coritiba na Série B de 2018 sempre foi a falta de organização dentro de campo e de uma proposta de jogo adequada às características dos atletas.
NA BASE DA PORRADA
Alguns números que ajudam a compreender essa situação. Com o técnico Eduardo Baptista, o Coritiba chegou a ser o líder da Série B em faltas cometidas, com média de 20,5 por jogo, e o segundo time com mais cartões amarelos. Ou seja, não faltava “raça”.
Sem Eduardo Baptista, o Coritiba tem tentado “brigar” menos e jogar mais. O time agora é o sexto no ranking de cartões amarelos e apenas o 14º em faltas cometidas (15,8 por jogo). Os dados são do Footstats.
ORGANIZAÇÃO
Contra o Avaí, o Coritiba não fez uma partida de alto nível. É até arriscado afirmar que “jogou bem”, porque isso pode criar algumas ilusões. Mesmo assim, foi uma das cinco melhores performances do Coxa em 2018. E talvez a melhor no quesito organização.
Argel não veio ao Coritiba somente para “domar o vestiário” ou mexer com os brios dos jogadores. Ele não é apenas um motivador, como o blog Entrelinhas do Jogo há havia analisado.
O DESAFIO
O desempenho atual do Coritiba é animador, mas não chega a empolgar. Argel ainda tem uma montanha para escalar. E alguns números retratam a fragilidade da equipe. No aspecto defensivo, os problemas são de fácil solução. O grande desafio é a falta de poder de fogo do time.
O Coxa ainda é apenas o sétimo da Série B no total de finalizações (11,8 por jogo) e o 15º em finalizações certas (3,9). São números bizarros para um elenco com o orçamento desse nível. Para piorar, o time alviverde é o 16º em precisão de passes, com 87,3%.