Arquivo pessoal/Robson De Lazzari – Robson De Lazzari

Robson De Lazzari é um apaixonado pelo futebol. Filho e irmão de jogadores profissionais, o repórter da rádio Transamérica e da Rede Massa vive o esporte com intensidade e dedicação incomparáveis. No jornalismo, sua marca é a coragem e a persistência para buscar a notícia, mesmo que ela desagrade haters, poderosos e chatos de plantão. “Não dá só pra se juntar ao coro dos contentes. É preciso também ver o lado dos insatisfeitos”, afirma De Lazzari, em uma das excelentes respostas dessa entrevista.

O incansável De Lazzari é o quarto entrevistado da série Craques da Imprensa, do blog Entrelinhas do Jogo, do Bem Paraná. 

Entrelinhas do Jogo — Como virou jornalista esportivo? Era sonho de infância ou acabou decidindo depois?
Robson
— Desde que me entendo por gente, sempre fui viciado em futebol. Aos poucos, fui me viciando em rádio esportivo também.  O esporte sempre fez parte da minha casa. Meu pai foi jogador de futebol. Minha mãe professora de educação física. Com uns 10 ou 11 anos de idade, a decisão estava tomada. Eu queria ser jornalista esportivo.

Entrelinhas — Você vem de uma família de jogadores de futebol (pai e irmãos). Você também chegou a tentar a carreira de atleta?
Robson
— Sem nem metade do empenho que o meu irmão teve, até tentei. Mas meu lugar era outro. Dentro das quatro linhas, só goleiro de pelada mesmo.

Entrelinhas — Qual o melhor momento que já viveu na carreira?
Robson
— A cobertura da Copa de 2010 na África do Sul. Jamais imaginei nos meus melhores sonhos, que um dia deixaria e chegaria ao Brasil no mesmo voo da seleção.

Entrelinhas — Qual o maior furo de reportagem que você conseguiu?
Robson
— Não foi um furo específico ou individual. Na Gazeta do Povo, entre 2009 e 2010, quando a Copa do Mundo foi confirmada pra Curitiba, fizemos um trabalho muito forte em equipe acompanhando dia a dia tudo que cercava o Mundial de 2014 na cidade. Estádio escolhido, viabilidade financeira, obras prometidas pela cidade. Cobranças e revelações com situações que até hoje ainda não estão totalmente resolvidas. Me lembro de uma exclusiva dentro do gabinete do governador Orlando Pessutti. Algo que quando comecei a trabalhar com esportes, jamais pensei que aconteceria. 

Entrelinhas — Qual a melhor parte de ser jornalista esportivo?
Robson
— É trabalhar com o que se ama desde pequeno. É tornar algo tão prazeroso, que nem parece trabalho.

Entrelinhas — E qual a parte mais difícil, mais complicada na profissão?
Robson
— Especialmente no futebol, lidar com a paixão dos torcedores não é simples. Claro, é preciso respeitar clubes, profissionais, dirigentes, torcedores e todos envolvidos no meio. Mas tudo isso, sem perder a capacidade de cobrar e de sempre dizer a verdade. Não dá só pra se juntar ao coro dos contentes. É preciso também ver o lado dos insatisfeitos.

Entrelinhas — As redes sociais provocaram mudanças no jornalismo esportivo e na sua maneira de trabalhar?
Robson
— Totalmente. As redes sociais aceleraram a circulação da notícia para a velocidade de um estalo de dedos. É um desafio, publicar (se possível antes), mas sem deixar de apurar com correção. Hoje, não me passa pela cabeça nenhum veículo que não tenha apoio nas redes sociais.

Entrelinhas — Já teve problemas com os chamados 'haters'? 
Robson
— Já. Mas considero normal por essa questão de lidar com a paixão das pessoas. Quando passa dos limites (ofensas) bloqueio e pronto. Nos estádios, no início, me importava com alguns xingamentos de uma minoria. Hoje, entra por um ouvido e sai por outro.

Entrelinhas — Você já cobriu duas Copas do Mundo. Como foram essas aventuras?
Robson
— Foi incrível. Tive a oportunidade de cobrir duas. A de 2014, em Curitiba, foi especial por ser na nossa cidade e por todo acompanhamento desde a escolha das sedes. A de 2010, para mim, a mais impactante. Estive em todos os treinos, entrevistas e jogos da seleção brasileira na África do Sul. Ali me senti realizado como profissional. Um dia o Tostão sentava ao meu lado, no outro o Juca, no outro o PVC, no outro o Mauro Naves…..

Entrelinhas — Pergunta tema livre. Que pergunta faltou aqui que você gostaria de responder?
Robson
— Queria direcionar o “tema livre” para os que sonham em trabalhar com jornalismo esportivo. O mercado está cada vez pior, as vagas mais raras e os salários achatados. Mas, se existe o sonho como um dia o meu existiu, nunca desistam. Eu não imagino existir profissão mais apaixonante.

PERGUNTAS RÁPIDAS, RESPOSTAS CURTAS
Melhor jogador do mundo na história: Pelé
Melhor jogador do mundo na atualidade: Messi
Três melhores jogadores do futebol paranaense em toda história: Só três? Impossível. Caju, Fedato, Cireno, Jakson, Zé Roberto, Sicupira, Kruger…e os que eu vi, Rafael, Tostão, Kléberson, Alex Mineiro, Alex, Saulo, Adoílson, João Antônio, Kléber Pereira, Kelly…
Três melhores jogadores em atividade em clubes paranaenses hoje: Wilson, Lucho e Dagoberto
Melhor técnico do mundo na história: Lula
Melhor técnico do mundo na atualidade: Guardiola
Maior time da história do futebol: Santos, do Pelé
Maior time da história do futebol paranaense: Atlético de 49 e Coritiba tri 71, 72 e 73
Melhor jogo de futebol que já assistiu: In loco, Atlético 5 x 2 São Caetano, 2004.

Clubes do coração: Não revelo. Há muita intolerância quanto ao tema
Ídolos fora do esporte: Nelson Mandela, Yuri Gagarin, Barack Obama
Esportes que já praticou: futebol, futsal, vôlei, basquete e handebol
Hobbies: Cinema e ficar com minha esposa e com meu filho
Locais preferidos em Curitiba: Minha casa, Confraria Água Verde, Pastelaria Juvevê e Parque Tingui

Três melhores jornalistas esportivos brasileiros: André Rizek, Juca Kfouri e PVC
Três melhores jornalistas esportivos paranaenses: Leonardo Mendes Júnior, Guilherme de Paula e Carneiro Neto

Currículo: Na infância morei em Curitiba, Nova Iorque e Paranaguá (extremos). Em Curitiba estudei na Umbrella, Dinâmica, Integral, Loureiro Fernandes e Dom Bosco. Em Paranaguá, Instituto de Educação e Leão XIII. Nos EUA, não lembro o nome do colégio. Me formei em jornalismo na Universidade Tuiuti do Paraná. Recebi os prêmios de revelação da crônica esportiva em 2002 e de melhor repórter de televisão em 2012. Por ordem cronológica, trabalhei nas rádios Eldorado, Educativa, Colombo, Cidade e CBN; no jornal Gazeta do Povo; na RPC. Desde 2014 trabalho na Rádio Transamérica e na Rede Massa.