Eu entre elas: Marcella ( de vermelho) e Bianca

Como vocês lidam com as brigas dos filhos? Interferem? Deixam que se entendam sozinhos? A história que vou contar talvez ajude você, mãe, que assim como eu, volta e meia precisa se transformar em juíza de “pazes”.

Há 15 anos, levei um puxão de orelha em cadeia nacional por conta da minha forma de tentar ensinar minhas filhas mais velhas a se amarem, após as brigas. Sempre acreditei que um abraço, um beijo, um eu te amo seriam importantes para desfazer mal estares entre elas, até que para tentar ajudar uma amiga que trabalhava em um canal de televisão topei dar uma entrevista contando como resolvia as brigas lá em casa. Na época, a Bianca (a mais velha), tinha uns 13 anos e a Marcella, uns 5.

Fui criada em uma família de três filhos (sou a mais velha) e as brigas, como em qualquer relação entre irmãos, eram constantes. Meus pais eram incríveis. Em um tempo em que não se falava muito em educação de filhos, eles nos criavam com muito amor, conversa, dedicação, castigos e umas cintadas de vez em quando (coisa que não defendo, só to contado, mas não foi ruim, pelo contrário). Sempre que começava uma briga entre nós, meus pais exigiam que parássemos e fizéssemos as pazes. Foi assim que eu aprendi. Hoje somos grandes amigos-irmãos.

Voltando a minha entrevista, contei toda empolgada para a repórter que quando minhas filhas brigavam, eu as colocava de castigo, juntas, abraçadas e fazia que elas dissessem que se amavam. Essa era a minha forma. A maneira que encontrei de dar um recadinho pra elas: “Hei, gurias, vocês precisam se amar. Vai ter um tempo que serão só vocês duas.”

Acontece que esse meu método foi analisado por uma famosa psicóloga e ela simplesmente acabou comigo. Sabe aquele tipo de matéria que primeiro passa o que a pessoa faz, depois vem o profissional dizendo se tá certo ou errado? Bem, no meu caso tava muito errado! Ela foi muito clara em dizer que estava muito errado o que eu fazia. Que aquilo não deveria ser feito, pois eu traumatizaria as meninas e elas acabariam não se gostando. Imaginem a minha cara ouvindo isso! E pior… Imaginem meu coração de mãe… Sim, naquele momento me senti a pior das mães! Péssima. Como eu poderia fazer aquilo? Quase me demiti da função. A sorte é que não sou muito de ficar chorando pelo leite derramado e confio nos meus instintos.

Depois dos “conselhos” que recebi, comecei a variar as formas de lidar com as brigas, mas elas continuaram se abraçando e se beijando após os “fights”. Hoje, com 28 e 20 anos, são boas amigas e eu continuo driblando brigas, agora entre o Santiago (14) e a Serena (7), mas sem perder a esperança que também serão companheiros no futuro.