Maurilio Cheli/SMCS

As mães e pais curitibanos andam assustados com uma onda de SÍndrome Pé, Mão e Boca. E não é para menos, afinal até a secretaria Municipal de Curitiba emitiu alerta para a doença. 

Mas o que é essa doença esquisita?  Trata-se de uma infecção viral contagiosa, causada por um enterovírus (Coxsackie A), que acomete principalmente crianças com menos de 5 anos de idade (mais frequente dos 6 meses a 3 anos) e que se caracteriza por lesões na cavidade oral e erupções nas mãos e pés.

A transmissão do vírus ocorre pelo contato direto com secreções das vias respiratórias, como a saliva, por exemplo, , secreções das lesões das mãos e dos pés, fezes das pessoas infectadas ou ainda pelo contato com brinquedos e objetos contaminados por estas secreções. Ou seja, bem fácil de pegar principalmente nas escolas e creches. 

  “Quando falamos no contato direto, se a pele estiver sem lesões, abraçar ou pegar na mão não transmite a doença. Mas se essas vesículas da pele estiverem rompidas pode haver o contágio. Outro exemplo, são os objetos que podem conter saliva, como por exemplo, os brinquedinhos que os bebês colocam na boca, esses sim podem ser uma fonte de transmissão”, diz a pediatra do Hospital Nossa Senhora das Graças, Dra. Marcilene Teixeira Lima Oku.

De acordo com a pediatra, a doença pode causar diversos sintomas. “A manifestação começa como se fosse um quadro viral comum, como outro qualquer. Os primeiros dois e três dias costumam vir com febre, muitas vezes bem alta, então aparecem as lesões na boca, e após alguns dias lesões na pele, que costumam ser principalmente nas palmas das mãos e na planta dos pés. Entretanto, elas não ficam restritas apenas a essas regiões, podem aparecer,  mesmo que com menos frequência, nas nádegas, nos joelhos, cotovelo, no tronco”, explica a pediatra. O período de incubação do vírus é de 1 a 7 dias até surgir o quadro completo ou parcial da doença.

 Como a boca faz muitas aftas, alimentar as crianças nessas condições segundo a médica, é um desafio. Com as defesas do organismo, o quadro clínico melhora espontaneamente, de 7 a 10 dias, e o tratamento será direcionado para amenizar os sintomas, com o auxílio de antitérmicos, medicamentos para coceira e analgésicos prescritos pelo médico. “Como a doença tem um tempo de duração, o tratamento irá ajudar a criança passar esse momento de dor e dificuldade”, relata a médica.

Para diminuir o contágio, a pediatra faz um alerta. “Criança febril, de preferência, não deve frequentar a escola. Na fase da transmissibilidade quanto mais crianças tiverem contato com o vírus mais casos irão aparecer”, afirma.

Segundo a especialista a doença é muito frequente, no Brasil o número é de até 150 mil casos por ano. “O outono é a época que mais surge, por isso atualmente há uma procura muito grande nos pronto-atendimentos”, acrescenta. Sobre a possibilidade de contrair a doença mais de uma vez a médica diz que é possível. “ Infelizmente a criança não desencadeia imunidade a longo prazo, a doença pode acontecer mais de uma vez, mas muito difícil no mesmo ano”, finaliza.

Tratamento

O diagnóstico da doença costuma ser clínico, sem necessidade de exames laboratoriais na maioria das vezes. De acordo com Oliveira, assim como para a maioria das infecções virais, não existe um tratamento específico para esta doença, sendo recomendados medicamentos sintomáticos (antitérmicos, analgésicos, etc), repouso e alimentos leves, frios e pouco condimentados.

Veja as medidas para prevenir a disseminação da doença:

· Intensificação das medidas de higiene, como lavagens das mãos, higienização das superfícies e dos brinquedos, não permitir compartilhamento de chupetas, mamadeiras, talheres e copos.  

· Afastamento das pessoas doentes (da escola ou do trabalho) até o desaparecimento dos sintomas (geralmente cinco a sete dias após início dos sintomas).