Franklin de Freitas – Maria Victória: “Sobrevivi a todos os ataques e cresci com isso”

Eleita deputada estadual pela primeira vez aos 22 anos de idade, Maria Victoria Borghetti Barros Campos (Progressistas), retornou neste mês ao posto aos 27 anos, em uma nova fase de sua vida pessoal e profissional, depois de seis meses de licença-maternidade, dois anos de casada, ex-candidata à prefeitura de Curitiba e já em seu segundo mandato parlamentar. Nasceu neste ano sua primeira filha, Maria Antônia Borghetti Barros Campos, que segundo Maria Victoria, mudou seu “ponto de vista, prioridades, tudo, literalmente”. A postura de filha agora é de mãe.

E, segundo ela, é essa maturidade que a fez manter-se na política, mesmo após tantos ataques sofridos por opositores. “A dona Maria, lá do Jardim Olinda, onde vivem duas mil pessoas, sozinha não consegue asfalto para a cidade dela. E é pela dona Maria, por eles (quem precisa) que estou aqui, para ajudar pessoas que sozinhas não conseguem resolver seus problemas”, diz.

Meses após ficar em quarto lugar na disputa pela prefeitura de Curitiba em 2016, Maria Victoria foi alvo de protestos em seu casamento com o advogado Diego da Silva Campos, no Palácio Garibaldi, no Largo da Ordem. Jogaram ovos sobre os convidados, houve gritos de protesto e xingamentos contra todos que ali estavam.

Foi logo após a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fato que ela atribui como combustível aos manifestantes na ocasião. “Não tinha como evitar, as pessoas têm liberdade de expressão, a gente vive em uma democracia”, avalia. Maria Victória é filha do deputado federal Ricardo Barros e da ex-governadora Cida Borghetti – sobrinha do ex-prefeito de Maringá Sílvio Silvio Magalhães Barros II (Progressistas) e neta do também ex-prefeito de Maringá Silvio Magalhães Barros I. Seu casamento no coração de Curitiba foi um “prato cheio” aos manifestantes, que a compararam Victoria à “Maria Antonieta”, rainha francesa guilhotinada após a Tomada da Bastilha, que culminou na Revolução Francesa (1789-1799).

Antes de entrar oficialmente para a política, Maria Victoria estudou na Suíça por cinco anos, fez trabalhos voluntários na África e na China, e adotou a educação como bandeira. Ainda antes de ser eleita deputada e disputar uma cadeira na prefeitura, conheceu Diego Campos, advogado que participou de uma comitiva brasileira comandada por Ricardo Barros na Sérvia. Barros era presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Sérvia na Câmara e junto com autoridades das Forças Armadas levou sua família para participar da 7ª Feira Internacional de Defesa de Belgrado (Partner). O evento foi realizando pelo governo da Sérvia e pela estatal Jugoimport.

Diego era advogado de uma empresa que buscava equipamentos de defesa militar na Sérvia. A partir dali, o casal se reencontrou em Curitiba. Maria Antonia é fruto desse casamento e agora é preponderante nas decisões da mãe, que avalia tentar em 2020 novamente a prefeitura de Curitiba.

Maria Victoria amarga lembranças ruins de sua herança política na infância, embora hoje veja com mais clareza o potencial de sua condição. “Minha mãe é Cida. Então, o que a professora fez na aula de Biologia? Falou assim: ‘tudo que é Cida, é veneno. Inseticida, pesticida’. Aquilo contagiou a escola inteira. ‘Cida é veneno, Cida é veneno. Sua mãe é veneno’. Eu tinha 10 anos”.

Em entrevista ao Bem Paraná ela fala sobre o episódio do casamento, sobre o que mudou com a maternidade e admite que só não abandona a carreira política pelo desejo de continuar ajudando aqueles que mais precisam.

Bem Paraná – Está decidida a ser candidata à prefeitura de Curitiba?

Maria Victoria – Disputei a cadeira da prefeitura de Curitiba e foi engrandecedor. Não ganhei a eleição, mas ganhei experiência, amizades, conhecimento sobre a cidade e foi uma oportunidade maravilhosa. A gente brinca que para ‘para se candidatar você não perde nada, só ganha’. Não tem perigo de perder tempo ou, enfim, tem vários benefícios. Não tem nada definido (para a próxima eleição). Isso depende das pesquisas, da vontade da população mesmo.

BP – Mas há uma disposição sua?

Maria Victoria – Acho que todos nós que temos o hábito de servir estamos sempre à disposição para o que for necessário. Isso depende do desejo do próprio grupo político. Ninguém pode dizer ‘eu sou candidata porque eu quero’. Sozinho não chego a lugar nenhum. Dependo do grupo político, de pessoas que queiram ajudar e contribuir para o projeto.

BP – O que você considerou ruim na sua experiência como candidata ao Executivo?

Maria Victoria – É muito diferente disputar uma cadeira no Executivo. Tem os debates e entrevistas. E por ser mulher é ainda mais complicado. Os homens acordam de manhã, tomam um banho, colocam uma roupa e está tudo certo. Eu tinha que gravar os programas da televisão todos os dias de manhã e tinha que me arrumar, arrumar cabelo, maquiagem, roupa e isso é bem cansativo. Eu ainda aproveitava desse momento para estudar. Eu tinha um grupo de estudo e trabalho e a gente pesquisava a s demandas e problemas da cidade, possíveis soluções, o que os países de primeiro mundo estavam fazendo que a gente poderia propor aqui. E, de fato, minha campanha tinha ótimas propostas e viáveis. O lema era ‘é possível, é viável e vamos fazer’. Essa é uma coisa do Progressistas, que a gente já deu exemplo na prefeitura de Maringá (pai, tio e avô foram prefeitos de Maringá), a gente promete, a gente faz. Promete pouco, mas cumpre tudo. Acho que as pessoas merecem esse respeito. É cultural que na campanha os políticos prometam o mundo e na hora de exercer não conseguem fazer. Então, eu aproveitava esse momento que eu tinha que me arrumara para estudar e outro desafio muito grande, além dos programas de televisão que tinha que gravar todos os dias, por diversas vezes eu sentava no TP (Teleprompter) para digitar o texto todos os dias, porque eu estudava bastante. E os debates são muito desafiadores. Eu estava debatendo com o atual prefeito (Gustavo Fruet); estava debatendo com o Greca, que é uma sumidade em termos de cultura, educação e preparo; estava debatendo com Tadeu Veneri, que aqui (na Assembleia) dá um show na oposição e faz um trabalho brilhante. Para mim, muito nova, mulher, foi muito desafiador. Não foram coias ruins, mas foram difíceis. Superei e consegui passar ilesa, o que é uma grande coisa, sem falar nenhuma bobagem. Porque já houve exemplos lá atrás de em um debate falarem bobagem e, pronto, imprime na imagem. É, modéstia à parte, um ato de bravura colocar a cara a tapa por um bem maior. O rosto, a reputação, a família, a gente fica muito aberta e muito vulnerável e aberta a críticas. Fico feliz porque passei por isso sem maiores problemas. Fiz uma votação razoável, claro, sempre menos do que a gente espera, a gente sempre quer ganhar a eleição, mas fiquei em quarto lugar. Só perdi para o prefeito e para os dois que disputaram o segundo turno (Ney Leprevost e Greca). E ainda brinco que fui a única entre os candidatos que tomou um lado no segundo turno. Ninguém tomou lado, só eu que fui apoiar o Greca. E a diferença de voto do Greca para o Ney foi justamente a minha votação (risos). Claro que é uma coincidência, mas sempre brinco com o Greca que graças ao meu apoio que ele está eleito.

BP – Como é sua relação com Greca hoje? Ele te deu espaço no governo?

Maria Victoria – Ele é muito aberto a contribuições. Tem feito uma excelente administração, na minha visão. Claro que sempre há críticas. Nunca ninguém vai agradar todo mundo. Nem Jesus Cristo agradou todo mundo. Eu não participo do governo dele, claro, ele tem sua própria equipe que tem feito um belíssimo trabalho, mas na época foi dito, durante o segundo turno, que ele adotaria algumas propostas minhas para a área da Educação. De fato, a secretaria está tentando possibilitar algumas das propostas que a gente tinha.

CASAMENTO

‘As pessoas podem protestar onde quiserem’

Bem Paraná – Seu casamento em 2017, no Palácio Garibaldi, foi alvo de protestos, jogaram ovos nos convidados, entre outras coisas. Passado esse tempo, como você vê esse episódio? Deixou alguma marca?

Maria Victoria – Claro. Como qualquer menina, mulher que sempre sonhou em casar, te digo com todo meu coração e toda sinceridade: o meu pai fez o que podia e não podia para me dar a festa que ele achava que eu merecia. Eu me solidarizo com pessoas que passaram pela mesma coisa, como o deputado (estadual) Tiago Amaral (PSB), que bloquearam a rua no casamento dele e tal, porque é, de fato, muito triste. Fico pensando que o Tiago ainda é o homem, coitada da mulher dele que não tinha nada a ver com isso. Da mesma forma meu marido e a família dele. Coitado. Não tinha nada a ver com isso. Foi uma sucessão de fatores. O ex-presidente Lula tinha acabado de ser preso aqui em Curitiba, os ânimos estavam alterados. A ideia de valorizar o Largo da Ordem eu sempre gostei. Já me perguntaram em entrevista, antes da eleição, onde era meu lugar favorito da cidade e a resposta foi o Palácio Garibaldi. É um clube. Não sou sócia do Graciosa, nem do Curitibano. Sou sócia do Garibaldi. São pouquíssimos sócios e eu sempre gostei. Enfim, eu resolvi fazer o casamento lá e deu no que deu. Acredito que se eu escolhesse outro lugar seria a mesma coisa. Porque as pessoas dizem “também, foi casar lá no Largo da Ordem, que tem muita confusão”. Eu poderia casar no Castelo do Batel, acho que seria a mesma coisa e seria mais criticada ainda porque “ai, é luxo”.

BP – Mas se arrepende de ter casado lá?

Maria Victoria – Eu não me arrependo de ter casado. Eu amo meu marido. A gente se dá bem. Mas não me arrependo, faria de novo, talvez… Porque não tinha como evitar, as pessoas tem liberdade de expressão, a gente vive em uma democracia. As pessoas querem protestar e elas vão aonde elas quiserem e a gente respeita isso. Inclusive, a gente pediu à polícia que não tomasse nenhuma atitude. Os policiais foram agredidos pelos manifestantes e não revidaram. Os convidados, idosos, crianças, crianças estavam lá, as daminhas. Certas coisas a gente tem que parar e pensar. E perdoar aqueles que não sabem o que fazem.

BP – Você mencionou a ‘prisão do ex-presidente Lula’. Depois dessa situação, como é seu relacionamento na Assembleia com deputados do PT, por exemplo?

Maria Victoria – Tenho uma boa relação com eles. Não acredito que algum dos meus colegas aqui (na Assembleia) tenha interferido diretamente nisso. Da mesma forma que não gosto que generalizem a classe política ou qualquer pessoa de qualquer área, também não generalizo ‘petistas’, ‘PSOL’ ou ‘esquerda’. Foram figuras específicas que fizeram isso e os outros não tem nada a ver.

BP – Sua filha tem 6 meses. Como está conciliar a atividade parlamentar com a materna?

Maria Victoria – Maria Antonia é muito tranquila e simpática. Dá trabalho como qualquer criança. Não dorme à noite. Eu não tive babá, fiquei mesmo durante a licença maternidade cuidando dela. Ela está com seis meses e uma semana, está crescendo e saudável. É duro voltar à ativa. É bom, claro, como mulher, porque é bom sair de casa. É complicado ficar seis meses dedicada exclusivamente à maternidade. As mães sabem. Ao mesmo tempo, toda vez que tenho que sair dá uma dorzinha no coração. Hoje saí pela porta e ela estava na janelinha me olhando dar tchauzinho, olhando assim ‘aonde você vai? O que está acontecendo?’. Então, isso dói um pouco, mas todo mundo passa por isso. Vou sobreviver. A maternidade muda tudo. Muda ponto de vista, prioridades, tudo, literalmente. Eu sei hoje que nunca mais vou ter sossego na vida. Penso ‘será que ela está bem? Será que precisa de mim? Será que vai ficar bem?’. Isso vai ser para sempre.

TRAUMA

“Era bullying sem freio na escola’

Bem Paraná – Depois do que aconteceu no seu casamento, depois que nasceu Maria Antonia, passa pela sua cabeça abandonar a política?

Maria Victoria – Passa. E como passa. Hoje estive em um retiro espiritual com Dom Peruzzo. Ele convidou alguns políticos, vereadores e deputados, um grupo de católicos, não para formar uma bancada, mas para lembrar de alimentar a alma. Ele falou ‘tudo que a gente faz de mais certo, corretamente, é escrito na areia e aquilo que faz de errado é escrito no mármore’. Falamos da generalização dos esteriótipos das profissões. Ele mesmo se colocou, como arcebispo, mas como padre que já foi. Hoje a gente fala em padre, a gente lembra de quê? ‘da pedofilia’. Lembra de político, pensa em ‘corrupto’. E hoje em dia está muito difícil fazer política porque as pessoas só criticam nas redes sociais. Nessa linha, de que ‘o que é ruim se escreve em mármore’, de fato, é o que se propaga. Noticia, obviamente, não é a boa. ‘Notícia boa é propaganda’, não é notícia. Então, são certas coisas que são desmotivantes, ainda mais entre pessoas de bem, que querem fazer a boa política, que querem servir as pessoas. Mas eu só estou aqui pelo seguinte: a dona Maria, lá do Jardim Olinda, onde vivem duas mil pessoas, sozinha não consegue asfalto para a cidade dela. Jardim Olinda não consegue eleger ninguém, é pequeno em representatividade. Quem vai buscar, trabalhar por ela, atendê-la? E são muitas pessoas que precisam do Poder Público. Classe alta e classe média não precisam de ônibus para a saúde, etc. E eles (os pobres) dependem de tudo. E é pela dona Maria, por eles (quem precisa) que estou aqui, para ajudar pessoas que sozinhas não conseguem resolver seus problemas.

BP – Quais outros desgastes você passou que destacaria na sua carreira política?

Maria Victoria – Por tudo que eu passei, na escolinha meu pai já estava na política, minha mãe também, disputando a prefeitura de Maringá. Nas vésperas de eleição sempre forravam a calçada da frente da escola e havia lá (nos panfletos) ofensas muito graves aos meus familiares. As fake news do passado. Aí era bullying sem freio na escola.

BP – Lembra de um exemplo do que mais te marcou?

Maria Victoria – Lembro de uma professora, inclusive. Ela se chamava Jane. Posso até falar o nome dela. Vai que ela lê e pensa ‘meu deus, realmente traumatizei essa criança’. Minha mãe é Cida. Então, o que a professora fez na aula de Biologia? Falou assim: ‘tudo que é Cida, é veneno. Inseticida, pesticida’. Aquilo contagiou a escola inteira. ‘Cida é veneno, Cida é veneno. Sua mãe é veneno’. Eu tinha 10 anos. Esse é um dos exemplos. Hoje, com Maria Antonia, fico pensando. Não quero que ela passe por isso. Mas aí eu lembro da Dona Maria. Aí eu sei que da mesma forma que eu ‘sobrevivi’ a todos esses ataques e cresci com isso, aprendi com isso, sei que a minha filha também vai. É para um bem maior e sei que um dia ela vai entender. Acredito que Deus está no comando e que se não fosse pela vontade dele. Acho que cada um tem um destino. O que aconteceu no casamento, na escola, com a professora Jane, é tudo bobagem. Tudo vira pó quando você consegue materializar as conquistas no trabalho, quando consegue ver as obras acontecendo, como é o caso agora do Hospital da Criança em Maringá que atende a uma área com população de 3 milhões de pessoas. Tem 21 especialidades, um projeto que começou no governo Cida Borghetti, com uma parceria do governo do Estado com o Ministério da Saúde, enquanto Ricardo Barros estava ministro e aportou recurso, a Associação Mundial da Família, que entrou com U$ 10 milhões para a obra e todo o know-how da construção. Hoje, com a Maria Antonia, também consigo imaginar a dificuldade que seria se eu morasse em Maringá e tivesse que deixar meu trabalho, meu marido e vir para Curitiba para ter um atendimento de qualidade no Pequeno Príncipe como todo mundo faz, ou ir para São Paulo. Isso desestrutura tudo. Já é difícil você ter uma doença na família e ainda ter que passar por tudo isso.

BP – Uma candidatura sua em Maringá não seria mais fácil de vencer do que em Curitiba?

Maria Victoria – Meu titulo eleitoral está em Curitiba. Impossibilita até de conversar sobre isso. Mas com certeza nós teremos um candidato nosso, do grupo, lá em Maringá. Tem vários que querem. O ex-secretário da Fazenda, José Luiz  Bovo, o ex-secretário da Saúde, Antonio Carlos Nardi, Doutor Baptista é sempre candidato, Homero Marchesi acho que também vai ser candidato. Silvio (Barros) hoje é o melhor nas pesquisas e pode ser que seja o nosso candidato. Alguém vai estar lá para contar às pessoas todas as conquistas da nossa família e do nosso partido para a cidade. É bom sempre relembrar o que foi feito.

BP – Agora no seu retorno à Assembleia, qual seu principal projeto ou o que considera a principal atuação?

Maria Victoria – Sou membro titular da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) desde o início do ano. Sempre quis fazer parte, porque é o filtro. Se não passa na CCJ, não vai a plenário. É importante participar e estar por dentro da constitucionalidade ou inconstitucionalidade dos projetos e ajudar a selecionar o que vale a pena ir para frente ou não.

TRADIÇÃO

‘Não sofro pressão da família’

Bem Paraná – Você sofre pressão da família para permanecer na política e continuar ocupando o espaço? Ou sofre pressão do marido para sair da política?

Maria Victoria – Não sofro pressão da família. Claro que eles apreciam que eu mantenha a tradição da família de servir à população, mas apoiam no que eu quiser fazer da vida. Quanto ao marido, não. Ele é muito tranquilo quanto a isso. Ele admira a determinação de fazer um trabalho desafiador, ainda mais nos dias de hoje. Apoia muito.

BP – Como você conheceu ele? Tem alguma relação com a política?

Maria Victoria – Essa história é engraçada até. A gente se conheceu em Belgrado, na Sérvia. Ele morava aqui (em Curitiba) e eu também e a gente nunca tinha se encontrado, apesar de frequentar os mesmos lugares. Na época, ele era advogado de uma empresa que estava buscando equipamentos de defesa militar na Sérvia. Eu estava acompanhando o meu pai que na época era deputado federal responsável pelo relacionamento Brasil/Servia. Na comitiva, estava o chefe do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, o Diego como advogado, eu e minha mãe e algumas outras pessoas. Nós nos conhecemos lá. Cheguei ao aeroporto e ele tinha acabado de desembarcar de outro voo. Cumprimentei a todos da comitiva, a maioria conversando em inglês, e falei com ele em inglês. Não sabia quem era. Achei ele um gatinho, mas nem sabia quem era. Saímos de lá e fomos para o hotel. Depois fomos comer alguma coisa na esquina rapidamente, em um pequeno restaurante que se chamava Vapeana. E já tínhamos que ir para a Jugoimport, que é a produtora desse equipamentos de defesa militar. E ele foi junto almoçar. E eu fiquei pensando ‘mas quem será que é esse cara’. Me apresentaram. Eu, de forma educada, pedi um potinho de salada grega e ofereci para ele. Ele sentou do meu lado e já colocou o garfo na minha salada, bem cara de pau (risos). A gente foi se conhecendo e deu certo. Estamos até hoje.

BP – Qual seu principal medo na política?

Maria Victoria – Pensei muito sobre isso hoje de manhã. Temo que, se as coisas continuarem como estão, só pessoas que não têm patrimônio, que não têm família, que não têm reputação, vão continuar na política. Temo que só pessoas muito ricas com interesses particulares ou financeiros, ou pessoas que não tem nada a perder, participem da política.