A Polícia Civil do Paraná prendeu ontem (11 de fevereiro), em Curitiba, um professor de esgrima suspeito de abusar sexualmente de uma aluna de 12 anos de idade. De acordo com o Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente (Nucria), os crimes aconteciam durante treinamentos no Círculo Militar de Curitiba e há a suspeita de que outros alunos possam ter sido vítimas desse professor, embora apenas um caso tenha sido confirmado até aqui – o suspeito, por sua vez, nega as acusações, alegando que sequer tocava a menina durante os aquecimentos e =que a aluna e suposta vítima sofreria algum tipo de transtorno.

Em conversa com a imprensa, o delegado José Barreto, do Nucria, comentou que a prisão do suspeito foi efetuada na residência do professor, onde também foram apreendiso um celular e um notebook. Ele fica preso temporariamente, por 30 dias, mas a prisão pode ser convertida para preventiza – sem prazo para expirar.

“Inicialemente fizemos uma busca na residência do indiciado e o notebook e o celular dele foram apreendidos. Iremos investigar os aparelhos, verificar se tem conversa com alguma outra vítima ou outro tipo de material. Aproveitamos para fazer um apelo, inclusive: se você tem filho que esteja fazendo aula de esgrima no Círculo Militar, converse com seu filho e, se houver alguma coisa, nos procure para auxiliar nas investigações”, apelou o delegado. “A partir do momento que o indivíduo se aproveita do trabalho (para cometer os abusos), acreditamos que tenha outras vítimas”, explicou José Barreto, esclarecendo ainda que, por ora, há apenas uma vítima confirmada.

A descoberta

Os abusos teriam sido descobertos pela mãe da vítima, que estranhou o comportamento da filha, que estava tirando notas mais baixas na escola, apresentando um comportamento mais rebelde e não estava se cuidando esteticamente. “Isso tudo gerou um alerta na mãe, que resolveu conversar com a filha. A menina então se abriu e relatou todos os fatos”, diz o delegado.

Ainda segundo as investigações, os abusos aconteciam durante os treinamentos, que aconteciam a portas fechadas, em sessões individuais, três vezes por semana. Para atraír a vítima, o professor teria oferecido uma bolsa para a criança, que fazia as aulas de graça no Círculo Militar. Ao desconfiar da situação, a mãe da garota chegou a contratar uma babá para cuidar da filha, mas o suspeito, segundo relato do delegado, sempre fazia com que a mulher ficasse fora da sala onde aconteciam os treinos.

“Ele estaria se aproveitando das aulas, principalmente o momento do alongamento, para se aproveitar sexualmente dessa vítima. Ele aproveitava o alongamento para passar os dedos na genitália da menina, para beijar os seios dela e outras situações. Ganhava a confiança oferecendo a bolsa para não pagar as aulas de esgrima e nas aulas aproveitava para os abusos.”

Esposa do suspeito já foi informada

Ainda segundo José Barreto, a esposa do suspeito já esteve na delegacia e foi informada sobre a situação envolvendo o seu marido. “Ela está ciente dos fatos e ficou surpresa. A esposa nunca espera uma atitude desse tipo.”

Questionado ainda sobre quais provas a Polícia Civil já teria coletado, ele citou relatos de conversas da vítima com o suspeito e a insistência com a família para que a menina sempre frequentasse as aulas, alegando que a jovem era um talento no qual se precisava investir. “O pedófilo sempre quer atrair a vítima, não vai solicitar diretamente o ato sexual. Ele vai por meio de outras situações, de outros discursos”, comenta o delegado.

O Círculo Militar também já teria sido avisado sobre a situação. Em seu depoimento, o suspeito informou ter sido dispensado pela instituição na semana passada, por conta do excesso de funcionários.

ESCLARECIMENTO DO CLUBE

A direção do Círculo Militar do Paraná também vem a público esclarecer os seguintes pontos.

Sobre a ex-sócia-atleta denunciante e sua família.

· A direção do Clube solidariza-se com a sua ex-sócia-atleta e sua família e lamenta profundamente não ter sido comunicada anteriormente sobre os fatos relatados na denúncia formalizada à polícia.

· A direção do Clube coloca-se à disposição da ex-sócia-atleta e seus familiares para ajudar na elucidação dos fatos e na superação dos mesmos.

Sobre o professor 

· O professor  atuou como professor e treinador de esgrima do Clube no período de maio/2016 até o dia 6 de fevereiro de 2019, quando foi desligado do quadro de funcionários por contingenciamento financeiro.

· Nesse período, ele treinou mais de 30 atletas, de diferentes categorias, sem nunca ter sido denunciado por qualquer ilícito ou comportamento profissional inadequado.

· Também não houve registro de qualquer reclamação formal contra o professor nos canais de ouvidoria do clube.

Sobre a denúncia contra o professor 

· A direção do Clube informa que o inquérito policial tramita em Segredo de Justiça, razão pela qual não teve acesso ao exato teor das acusações que pendem contra o professor; porém, já contatou a autoridade policial e se disponibilizou a colaborar com as investigações para que a Justiça possa ser estabelecida.

Sobre as notícias veiculadas pela Imprensa.

· A direção do Clube informa que não oferece serviço de treinador personal em esgrima e que as aulas desta modalidade não são individuais.

· A direção do Clube informa, ainda, que a ex-sócia-atleta denunciante e sua família nunca requisitaram o cadastramento de qualquer maior responsável para acompanhá-la no interior do Clube, seja para os treinamentos ou para os momentos de lazer.

Sobre os atletas do Clube.

· A direção do Clube preza pela saúde, integridade física, equilíbrio emocional e desenvolvimento integral dos seus atletas, zelando por sua segurança e bem-estar em todos os momentos, especialmente durante treinos e competições.

· A direção do Clube destaca que, desde a sua fundação, em 1934, o Círculo Militar do Paraná é referência na formação de atletas em diferentes modalidades, muitos dos quais atingiram projeção e reconhecimento nacional e internacional.

· A direção solidariza-se com todos os alunos e atletas do Clube, que ao longo do ano somam aproximadamente 300 praticantes das diversas modalidades desportivas, como esgrima, vôlei, basquete, natação, tênis e para-vôlei, lamentando pelo constrangimento causado pela denúncia envolvendo um ex-professor do Círculo Militar do Paraná.

A DIREÇÃO

Círculo Militar do Paraná

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