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Após a divulgação da notícia de que um dos suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco teria ido até o condomínio onde mora Jair Bolsonaro (PSL), no Rio de Janeiro, no dia do crime, aliados do presidente começaram a organizar, pelas redes sociais, um “panelaço” para as 20h30, durante o Jornal Nacional, da Rede Globo, responsável pela reportagem veiculada ontem. A intenção, segundo os organizadores, seria demonstrar o apoio a Bolsonaro e denunciar a emissora.

No twitter, a hastag #GloboLixo atingiu cerca de 500 mil registros, enquanto que a #QuemEstavaNaCasa58, referência ao número da residência de Bolsonaro chegou a 160 mil.

Segundo o JN, registros da portaria do Condomínio Vivendas da Barra, no Rio, onde mora Bolsonaro, apontam que Élcio de Queiroz, um dos suspeitos de envolvimento na morte de Marielle Franco, entrou no local no dia do assassinato, em 14 de março de 2018, dizendo que iria para a casa do então deputado. Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília e que postou vídeos no Legislativo no mesmo dia.

No mesmo condomínio, mora o principal suspeito de matar Marielle, Ronnie Lessa. De acordo com a reportagem, no dia do crime, o porteiro escreveu às 17h10 o nome do suposto visitante, Élcio, os dados do automóvel que ele dirigia – um Logan, placa AGH-8202 – e a residência para a qual ele iria, a de número 58. Élcio é apontado pela polícia como o motorista do carro usado no crime. A casa 58 do condomínio consta como sendo a de Bolsonaro no registro geral de imóveis. O presidente também é proprietário da casa 36, onde mora um dos filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL).

Segundo a reportagem, o porteiro contou à polícia que depois que Élcio se identificou, interfonou para casa 58 para confirmar se o visitante tinha autorização para entrar e que identificou a voz de quem atendeu como sendo a do “seu Jair”.

Segundo o teor das declarações do porteiro à polícia apuradas pela reportagem, ele acompanhou a movimentação do carro de Élcio após a entrada e notou que o visitante se dirigiu à casa 66 – e não à 58 – do condomínio, onde morava Ronnie Lessa, apontado pelo Ministério Público e polícia como autor dos disparos contra Marielle. “Fontes disseram à equipe de reportagem que os dois criminosos saíram do condomínio dentro do carro de Ronnie Lessa, minutos depois da chegada de Élcio, e embarcaram no carro usado no crime nas proximidades do condomínio”, diz a reportagem da Globo.

O advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, contestou o depoimento. Ele ressaltou que o presidente estava em Brasília no dia do assassinato de Marielle e disse que o depoimento do porteiro é uma “mentira”, feita para atacar a imagem e a reputação do presidente.