Cláudio Kbene

Em visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na carceragem da Polícia Federal (PF) em Curitiba, o senador Renan Calheiros (MDB/AL) afirmou nesta terça-feira (17) que o MDB terá que decidir entre não ter candidato à presidência da República ou escolher o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para a disputa pela legenda. A pré-candidatura anunciada pelo senador Roberto Requião (MDB) está fora do debate segundo Renan, que fez duras críticas a Meirelles.

“A candidatura de Meirelles ficaria muito bem para o Banco de Boston, para a presidência da Febraban, jamais para presidente da República. Meirelles não é originário do PMDB. Ele é originário da JBS, é um candidato do sistema financeiro”, ironiza o senador de Alagoas. Para Renan, o MDB tem mais chances de não perder espaço se não lançar candidato à presidência. “No dia 2 nós teremos uma disputa entre não ter candidato, que foi a postura que nós adotamos em 2006, que foi o momento que o PMDB mais cresceu em sua história, elegeu vários governadores e retomou o crescimento no Congresso Nacional, e a candidatura de Meirelles”, afirma.

Questionado sobre se sua visita representaria apoio a Lula como candidato, Renan disse que tem direito a participar da visita, mesmo sendo suplente na comissão. “Eu apoio como candidato. O PMDB tem outras lideranças que apoiam outros candidatos. O fundamental é que no dia 2 (data da convenção) nós estejamos juntos para impedir essa candidatura de Meirelles que é transformar nossa legenda, apesar das dificuldades todas que ela já enfrentou, numa legenda de aluguel. Temos que nos preocupar em reconstruir o PMDB no pós-Michel Temer que é um governo tenebroso, com resultados terríveis”, disse.

Para o emedebista, a prisão de Lula é política e a visita seria uma cobrança pelo devido processo legal. “Para cobrarmos que esse processo siga o rito da legalidade, da constitucionalidade. Tenho certeza que não está seguindo. O entendimento do Supremo é de que você pode em determinados casos antecipar o cumprimento da pena. E não obrigatoriamente como o Tribunal Regional da 4ª Região fez. Presidente Lula é um preso político e mais do que nunca sua presença crescente nas pesquisas de opinião é a certeza do povo brasileiro de que isto está acontecendo.

Apelação – A comissão de senadores foi composta também por Jorge Viana (PT), Roberto Requião (MDB), Edison Lobão (MDB) e Armando Monteiro (PTB). Primeiro a falar com a imprensa na saída da comitiva, Requião disse que Lula espera ter suas apelações atendidas nas côrtes superiores. “Nós constituímos uma comissão no Senado Federal, Comissão de Constituição e Justiça, que resolveu por votação de seus membros, para realizar uma verificação das condições da Polícia Federal do Paraná. Nós visitamos os presos todos e visitamos o presidente Lula. É evidente que as condições são adequadas, são boas. E quanto ao presidente Lula, nós encontramos uma vontade inquebrantável acreditando em sua inocência e esperando que suas apelações sejam julgadas como consequência de sua liberação”, disse Requião.

Edson Lobão disse que Lula escolheu estar preso. “O ex-presidente Lula escolheu o caminho dessa prisão para manter sua dignidade. Ele poderia ter tido uma outra direção. Não, ele quer que provem que ele é culpado. Até que isso aconteça ele é inocente. Está na convicção plena de que provará inocência e que sairá daqui limpo como ele sempre foi na vida”, disse.