Ricardo Almeida/ANPr

A governadora Cida Borghetti (PP) determinou na noite desta sexta-feira (11) o afastamento do jornalista Deonilson Roldo do cargo de diretor de Gestão Empresarial da Copel. A demissão ocorre em razão de reportagem da Revista IstoÉ, que revelou áudios de Deonilson em conversa com Pedro Rache, executivo da empreiteira Contern (empresa do grupo Bertin).

"A ele é assegurado o direito a ampla defesa junto às esferas administrativas da empresa", diz o governo Cida em nota. Durante a tarde, o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), ao tomar conhecimento de denúncias divulgadas pela revista IstoÉ na quinta-feira (10), pediu em nota que o governo providenciasse a demissão 

A reportagem da revista aponta para participação de Roldo em suposto esquema de corrupção envolvendo o governo do Paraná, a Odebrecht, outras empreiteiras e a própria Copel. Na véspera de Carnaval de 2014, Pedro Rache, se reuniu com o jornalista Deonilson Roldo, então chefe de gabinete do ex-governador Beto Richa (PSDB). No encontro, ocorrido no Palácio Iguaçu, os dois trataram da concessão das obras e posterior exploração da rodovia PR-323, numa Parceria Público-Privada (PPP).

A Bertin estava inscrita para participar da licitação, tanto que Rache informa que a empresa já estava preparada com 800 equipamentos e 6 mil funcionários para tocar a obra. É quando Deonilson informa que o governo já tinha se comprometido com outro concorrente, propondo então um entendimento amigável, que consistiria na desistência por parte da Bertin de concorrer da licitação, de forma a favorecer a Odebrecht, que, segundo os denunciantes, ajudaria com R$ 4,5 milhões na campanha eleitoral de 2014.

Em troca da desistência, a Bertin ganharia outro negócio junto à Copel, no valor de R$ 500 milhões, envolvendo o complexo de termelétriocas de Aratu, na Bahia.

O ex-governador Beto Richa, contudo, nega as acusações. Em nota, o tucano afirmou desconhecer "qualquer encontro" do ex-secretário com o representante da construtora. Além disso, garantiu que "nunca autorizou qualquer pessoa a fazer tratativas para infererir em qualquer processo licitatório em seu governo".

"Eu apenas defendia o interesse do Estado. A obra acabou não sendo construída pela Odebrecht, que teria sido favorecida", argumentou Deonilson ao Bem Paraná.

De fato, a Odebrecht não realizou as obras. Mas ganhou a licitação , na qual entrou sozinha, em consórcio com a construtora paranaense Triunfo. O contrato chegou a ser assinado, inclusive, mas o interesse e a capacidade da empreiteira em tocar a obra acabaram naufragando logo em seguida, uma vez que a Lava Jato estava em processo avançado de envolviento da Odebrecht em invetigações. 

Veja a íntegra da nota do governo estadual divulgada nesta sexta-feira:

“A governadora Cida Borghetti determinou nesta sexta-feira (11) a demissão do senhor Deonilson Roldo do cargo de diretor de Gestão Empresarial da Copel.

A ele é assegurado o direito de ampla defesa junto às esferas administrativas da empresa”.