Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A atitude do deputado federal Ricardo Barros de se colocar como pré-candidato à presidência da República está sendo vista como uma tentativa do ex-ministro da Saúde de evitar que o PP, seu partido, e o chamado 'Centrão', avancem nas negociações por uma aliança com o pré-candidato do PDT, o ex-ministro Ciro Gomes. Barros – que é marido da governadora e pré-candidata à reeleição, Cida Borghetti – integra a ala do PP que prefere o apoio a um candidato mais à direita do espectro político brasileiro – como o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), ou o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (MDB). 

O 'Centrão' foi formado em 2016, por um grupo de partidos que incluiu, além do PP, PR, PTB, PSC, PRB, PR, PSD, entre outros, e teve como idealizador o ex-presidente da Câmara Federal, e ex-deputado Eduardo Cunha (MDB/RJ). O grupo apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e a ascensão do vice, Michel Temer (MDB), à presidência. Atualmente, o bloco – que agora também inclui o DEM do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ) – está dividido entre o apoio a Ciro e uma aliança com Alckmin. 

Uma reunião, ontem à noite, em Brasília, das cúpulas desses partidos na casa de Maia terminou sem consenso. Representando o PP, o senador Ciro Nogueira (TO), teria deixado claro a preferência por Ciro Gomes, e afirmado ser muito difícil um acordo com Alckmin, por causa de disputas regionais. 

No vídeo em que se colocou "à disposição" do partido para disputar a presidência, o deputado inclusive afirma saber "que há uma oportunidade de ocupar o espaço que ainda é procurado por diversos partidos que buscam uma candidatura de centro para apoiar".

Entre os motivos de Barros também estão questões regionais: o PDT de Ciro tem como pré-candidato ao governo do Estado o ex-senador Osmar Dias, adversário de sua esposa, a governadora Cida Borghetti. Resta saber se o ex-ministro terá força dentro do partido para mudar a tendência pró-Ciro.