Franklin de Freitas – Militantes de Francischini e do PSOL e PT se estranharam; João Arruda interviu

Oito candidatos de oposição à prefeitura de Curitiba participaram hoje de um debate na praça da Espanha, próximo à residência do prefeito e candidato à reeleição, Rafael Greca (DEM). Professora Samara (PSTU), Fernando Francischini (PSL), Letícia Lanz (PSOL), Eloy Casagrande (Rede), Camila Lanes (PC do B), João Arruda (MDB), professor Mocellin (PV) e Paulo Opuszka (PT) se revezaram no microfone, cobrando a ausência de Greca no único debate realizado no primeiro turno, nos dias 1º e 14º, pela Band TV. Eles também criticaram a falta de debates em outras emissoras. Houve ainda troca de farpas entre militantes da campanha de Francischini e das campanhas do PSOL e do PT, que vaiaram o candidato do PSL.

Greca divulgou nota afirmando que “a legitimidade de todo debate pressupõe o conhecimento de causa”. “Ficou claro que meus adversários não o tem pois a estratégia dos mesmos é de fazer ataques orquestrados à minha gestão e à minha pessoa. Preferia que eles tivessem apresentado suas propostas para a cidade. Para mim o desaforo é a ausência do argumento”, afirmou o prefeito. 

Cada candidato teve cinco minutos para falar. Primeira a discursar, a candidata do PSTU, professora Samara, afirmou que a ausência de Greca nos debates reflete também a postura do prefeito na administração. “A gente não pode achar que isso é um problema exclusivo das eleições. Eu, como professora da rede municipal de Curitiba, já percebi que essa é uma postura muito comum dessa administração”, disse, citando a votação do ajuste fiscal proposto pelo prefeito, em 2017, na Ópera de Arame.

Samara também aproveitou para alfinetar o candidato do PSL, deputado Fernando Francischini, lembrando o episódio de 29 de abril de 2015, quando professores e servidores em greve entraram em confronto com a polícia, no Centro Cívico, durante votação de pacote de ajuste fiscal do governo Beto Richa. Na época, Francischini era secretário de Estado da Segurança, e comandou a operação policial. “Quero aproveitar o espaço para denunciar que posturas antidemocráticas como essa também acontecem no governo estadual. Inclusive muitos aqui que eu já vi que são professores estavam nas manifestações contra a retirada de direitos, e tivemos deputados que estão aqui hoje que saíram de um espaço democrático de mobilização dos professores em conjunto com a comunidade dentro de um camburão porque não teve coragem de debater”, disse a candidata do PSTU.

Próximo a ser chamado, Francischini precisou da ajuda do candidato do MDB, João Arruda, organizador do evento, para acalmar militantes do PT e do PSOL que o vaiavam. “Aqui não temos uma guerra de torcida. Esse enfrentamento de torcidas nesse momento vai atender a vontade do prefeito que não quer o debate, que não quer disputa”, disse Arruda, fazendo um apelo “para que dos dois lados possam respeitar os oradores”.

Francischini tentou contemporizar, afirmando que “O melhor nesse momento, independente se eu penso mais à direita ou mais à esquerda, nós temos que respeitar as diferenças, mas principalmente estar presente”. E que “sempre que os radicais tomam conta do cenário político nós temos enfrentamentos como esse”.

O candidato do PSL disse ainda que “a velha política tomando conta da prefeitura de Curitiba” com ‘acordos de bastidor e alianças para retirar candidatos”. “Se ele não vem debater na televisão e os canais de televisão não estão colaborando para ter debate, nós vamos estar toda a semana em uma praça diferente de Curitiba. A próxima tem que ser na frente da prefeitura”, defendeu.

“Nós não podemos continuar apoiando um prefeito como esse que nós temos, que foge ao debate democrático. Que age de maneira autoritária e que pensa que é dono da cidade, junto com as corporações que o apoiam”, disse em seguida a candidata do PSOL, Letícia Lanz.

Eloy Casagrande cobrou explicações do prefeito para o relatório do Tribunal de Contas do Estado que apontou que os ônibus de Curitiba continuaram lotados durante a pandemia do Covid-19. “Gostaria que o prefeito pudesse responder o relatório do TCE que contesta a quantidade de dinheiro que foi repassado para as empresas de transporte alegando perda de passageiros. Quando os fiscais do TCE foram lá verificar que todos os ônibus estavam lotados”, disse.

Camila Lanes, do PC do B, afirmou que a ausência de Greca nos debates reflete sua ausência na gestão. “O atual gestor se esconde em sua casa, em sua chácara, não responde as dúvidas que nós cidadãos temos a fazer a ele”, afirmou.

“Fico decepcionado em não termos a possibilidade de não termos o prefeito aqui para fazer um debate de alto nível”, disse João Arruda.

Paulo Opuszka lembrou das campanhas pela anistia e das Diretas Já, para defender novos debates nas ruas.