Geraldo Bubniak

O juiz Fernando Fischer da 13ª Vara Criminal de Curitiba rejeitou uma série de pedidos da defesa do ex-governador Beto Richa (PSDB) e seu irmão, o ex-secretário de Estado da Infraestrutura, José “Pepe” Richa, contra o prosseguimento do processo envolvendo os dois que são réus na operação Rádio Patrulha, que investiga suspeitas de fraude e desvio de dinheiro público no programa “Patrulha do Campo”, de obras em estradas rurais. Além deles, também são réus no processo o ex-chefe de gabinete de Richa, Deonilson Roldo, que segue preso por outra operação, a “Piloto”, como parte da 53ª fase da operação Lava Jato, que apura pagamento de propina para políticos na obra da PR-323.

Richa, que também chegou a ser preso em 11 de setembro, assim como o irmão, conseguiu liberdade graças a um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

A defesa contestou a validade das obras, entre elas gravações de áudio e cópias de mensagens apresentadas pelo ex-deputado estadual Tony Garcia, delator do caso, pedindo a anulação das mesas e a absolvição do ex-governador e do ex-secretário. Os advogados de Richa e Pepe também questionaram a distribuição do processo para a 13ª Vara Criminal e a imparcialidade do juiz. Fischer rejeitou os argumentos dos tucanos, acatando apenas o pedido para que as provas sejam periciadas e Tony Garcia tenha o depoimento colhido pela Justiça, com a possibilidade de acareação entre eles. "Diante do exposto, inexistindo hipótese de absolvição sumária ou outra causa que macule o presente processo, ratifico o recebimento da denúncia nos termos do art. 399 do CPP e determino o regular prosseguimento do feito", escreveu o juiz no despacho.

Segundo a denúncias do Ministério Público, Richa e o irmão participariam de um esquema com empresários para direcionar a licitação para a aquisição de equipamentos e máquinas para o programa “Patrulha do Campo”. O grupo, de acordo com o MP, cobrava propina de 8% sobre o valor dos contratos. O ex-governadcor seria "principal destinatário final das vantagens indevidas prometidas pelos empresários, plenamente ciente das tratativas e reuniões realizadas", segundo a promotoria, que aponta provas de pagamentos de propina de pelo menos R$ 8 milhões.