Gibran Mendes/PT/divulgação

O PT do Paraná acusa o juiz federal Sérgio Moro de “blindar” tucanos ao abrir mão de julgar o processo referente à Operação Integração, 48º fase da operação Lava Jato, que investiga suspeitas de fraude e superfaturamento no pedágio do Paraná. Na segunda-feira, Moro se declarou incompetente para julgar o caso, alegando que ele não tem relação com o esquema de corrupção na Petrobras e afirmando estar sobrecarregado de trabalho. É a primeira vez que o juiz abre mão de um processo oriundo da Lava Jato. 

O presidente do PT paranaense, ex-deputado federal Dr Rosinha, divulgou vídeo no qual contesta as alegações do magistrado. “De acordo com o site Conjuris, desde 2015 ele (Moro) não recebe nenhum novo projeto”, diz Rosinha, sobre o argumento de Moro de que estaria sobrecarrecado. “Ele tem viajado pelo Brasil e pelo mundo e posado ao lado de famosos tucanos. João Dória, Aécio Neves, Pedro Taques. E, de acordo com a imprensa, para essas viagens ele usa dois dias úteis de cada mês”, afirma o dirigente.

O petista também contesta alegação de que a investigação sobre o pedágio não tem relação com o escândalo na Petrobra. “Hora. O triplex que ele diz que é do Lula tampouco faz parte do processo da Petrobras. No entanto, ele julgou”, lembrou.

Segundo Rosinha, Moro usa “pesos e medidas diferentes”, o que comprovaria sua parcialidade. “Julgar a operação da 48º da Lava Jato para ele seria inadmissível, pois ele teria que julgar o tucano Beto Richa”, afirmou.

Deflagrada em fevereiro, a Operação Integração investiga suspeitas de pagamento de propina a autoridades por empresas ligadas às concessionárias de pedágio, em troca de aditivos contratuais e aumento de tarifas. Entre os alvos da operação estão o ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR), Nelson Leal Júnior, que foi preso sob a acusação de receber dinheiro das concessionárias para firmar “com as concessionárias de pedágio do Paraná inúmeros termo de ajuste sem amparo técnico em que foi acordada a retirada de obras e o incremento das tarifas”, segundo o Ministério Público Federal. Ele era subordinado à Secretaria de Estado da Infraestrutura, comandado até abril por José Pepe Richa, irmão do ex-governador Beto Richa, e foi demitido quando o caso veio à tona. 

Leal Júnior foi solto no mês passado, com uso de tornozeleira eletrônica, após iniciar negociação para acordo de delação premiada. 

As investigações apontam indícios de superfaturamento nas despesas e simulação de contratos para repasse de vantagens indevidas. A investigação, que começou na Vara Federal de Jacarezinho (PR), chegou às mãos de Moro em 2017, quando disse ter encontrado “pontos de conexões probatórias óbvios” no uso de atividades dos operadores Rodrigo Tacla Duran e Adir Assad – nome recorrente em acusações de desvios em obras públicas envolvendo governos do PSDB em São Paulo.