Franklin de Freitas – Servidores em manifestação: sindicatos rebatem carta de ACP que defendeu reajuste zero para o funcionalismo

O Fórum das Entidades Sindicais (FES) divulgou hoje nota rebatendo carta aberta publicada ontem pela Associação Comercial do Paraná (ACP) na qual a entidade defende que o governo do Estado não conceda nenhum reajuste salarial aos servidores públicos. Na carta, a entidade alega que o Estado já gasta demais com pessoal. O funcionalismo – que está com os salários congelados desde 2016 – reivindica a reposição da inflação de abril de 2018 a maio de 2019, de 4,94%.

Na nota divulgada hoje, o FES aponta que “a ACP representa setor privilegiado pelo governo estadual, que recebe vantagem de não pagar mais de R$ 10 bilhões em isenção de impostos por ano”, e “mente com o objetivo de confundir a sociedade paranaense e colocá-la contra os servidores públicos que lutam pela justa recomposição salarial”.

“Se é para falarmos de salários, porque não falamos das merendeiras que recebem R$ de 1.015,00 de salário mensal. Ou de uma professora que recebe mensalmente R$ 2.872,71, ou até mesmo de um soldado que arrisca sua vida pela segurança de todos(as) e a cada mês obtém de salário R$ 3.600,00. São valores muito abaixo do que é apresentado pela ACP em sua mentirosa nota”, rebateu o fórum. “E diferentemente do que se apresenta, oficialmente o Estado investe 44,50% da receita líquida com o pagamento dos servidores(as), valores bem abaixo do que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal e menores ainda do que é informado pela ACP”, contestam os sindicatos.

Na nota, o fórum lembra ainda que “o governo promoverá a renúncia fiscal para as empresas e grandes fazendeiros na ordem de R$ 10,5 bilhões”, e afirma que “isso sim um privilégio”. Para o FES, “não tem moral nenhuma a Associação querer que o governo não conceda o reajuste quando seus/suas associados terão isenção de dezena de bilhões de reais”.

“Quando esses impostos não são cobrados de quem já muito tem, como é o caso da permissiva política de isenção fiscal, isso acaba afetando diretamente a existência dos serviços públicos e aumenta ainda mais as desigualdades sociais”, critica o fórum.