Antonio Augusto/Secom/TSE

As urnas eletrônicas implantadas gradualmente a partir das eleições municipais de 1996 diminuíram em 82% o número de votos inválidos, segundo estudo do professor Marcus André de Melo, divulgado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o levantamento, a invalidação do voto era comumna época em que as pessoas votavam por meio de cédula de papel.

Muitas vezes o erro ou a rasura impediam a contagem de um voto como válido. O autor é professor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-professor visitante do MIT e da Universidade Yale (EUA). Na publicação, Marcus André Melo mostra que, em 2000 – justamente o ano em que eleitoras e eleitores passaram a votar integralmente na urna eletrônica –, os votos inválidos recuaram de 41% para 7,6%, o que representa a diminuição dos 82%.

Essa redução ocorreu por ser mais fácil digitar a numeração de candidata ou candidato preferido no teclado da urna eletrônica do que marcá-la em papel, antes de depositar o voto em uma antiga urna de lona.

É por essa razão que o professor sustenta que o ataque às urnas eletrônicas representa um ataque ao voto dos mais pobres: eram os analfabetos ou o eleitorado com baixa alfabetização que mais erravam na hora de preencher os formulários de votação.

Campeão 

O autor do artigo ressalta que, entre 1980 e 2000, o Brasil ostentava o título do campeão de votos inválidos na América Latina e que o surgimento da urna eletrônica teve um “impacto avassalador”, para melhor, no voto do analfabeto. Marcus André Melo afirma, ainda, que a Emenda Constitucional nº 25/1985, que garantiu o voto dos analfabetos, teria sido simbólica, uma vez que foi a urna eletrônica o equipamento que emancipou ‘de fato’ o eleitorado pobre e analfabeto para o exercício regular do voto.

Ao tornar o ato de votar mais simples, sem a necessidade da escrita, mas somente de digitação, a urna eletrônica ampliou, portanto, a cidadania e acabou contribuindo para o aumento significativo do número de votos válidos, o que favoreceu uma democracia mais inclusiva e participativa.