O acesso à água é um dos maiores problemas da humanidade. Segundo dados apresentados durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), que termina nesta sexta-feira (12/11), cerca de 3,6 bilhões de pessoas em todo o mundo já enfrentam dificuldade para ter acesso à água pelo menos um mês por ano.  Este número deve aumentar e ultrapassar 5 bilhões de pessoas até 2050. Os motivos por trás deste problema são diversos, desde eventos climáticos extremos (secas, inundações, etc) até a falta de investimento em medidas como o saneamento básico.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, para cada um dólar investido na área de saneamento básico são economizados 4,3 dólares em custos na área da saúde, isso porque milhares de pessoas são atendidas nos sistemas de saúde em decorrência de doenças causadas pela falta de esgoto e água potável.

 

Entre os entraves para a questão do saneamento, está o alto custo envolvido para a implantação e manutenção de redes e sistemas de tratamento, o que o torna economicamente inviável em muitos casos, tais como em pequenas comunidades e comunidades rurais com moradias esparsas, e tendo um amplo apelo de cunho socioambiental.

 

No Brasil, a Lei 11.445/2007 contempla o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, além da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos, sendo direitos assegurados pela Constituição da República. Aproximadamente 83,7% da população brasileira é atendida com água potável e 54,1% dos habitantes têm seu esgoto coletado.

 

Somente no ano de 2019, foram investidos 5,76 bilhões de reais em água limpa e 5,33 bilhões em coleta e tratamento de esgotos no Brasil. Os investimentos na área não param, mas muitas variantes estão envolvidas no processo e fazem com que os números cresçam timidamente. A concepção dos sistemas, a elaboração dos projetos, a captação de recursos financeiros, a execução das obras demandam um horizonte de planejamento de 20 anos, seguindo as diretrizes do Plano Nacional de Saneamento Básico, até culminar na operação dos sistemas e no atendimento à população.

 

Somando-se a tudo isso estão os processos de urbanização e expansão das cidades (que devem ser estimados), os interesses coletivos e outros obstáculos que, por vezes, redirecionam o planejamento.

 

Iniciativas visando a melhoria da qualidade de vida da população sob o viés do saneamento básico também são tomadas por rotarianos em todo o mundo.

 

No Líbano, cerca de 200 escolas já foram equipadas com a instalação de filtros e reservatórios d’água em um projeto que reúne 24 clubes de Rotary, em parceria com fornecedores e utilizando fundos distritais e subsídios globais. O objetivo principal do projeto é fornecer água potável para as escolas, mas o mesmo está unindo diferentes líderes religiosos, culturais e políticos, contribuindo na promoção da paz em momento oportuno frente a crise na Síria e o constante recebimento de refugiados, incluindo crianças em idade escolar.

Em Madan, na Índia, Rotary Clubs fizeram parceria com organizações locais para criar um centro de coleta e distribuição de água da chuva para 4.000 pessoas. Na Tanzânia, 12 Rotary Clubs colaboraram com parceiros locais para instalar um sistema que leva água a 1.500 pessoas da aldeia de Kigogo.

 

Já nas Filipinas, Rotary Clubs e parceiros construíram 222 sanitários, seis coletores de água da chuva, sete estações coletivas para lavagem das mãos e 20 filtros de areia, atingindo mais de 1.000 pessoas. Desta forma, as ações do Rotary voltadas para área do saneamento são abrangentes e corroboram com outras causas do Rotary tais como o combate a doenças, a proteção do meio ambiente e a promoção da paz.

 

* Jefferson Eloi Zyla é Engenheiro Civil, Técnico em Edificações, Fiscal de Obras Públicas da Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR) e pai da Surya. Voluntário do Rotary.

 

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Fontes:

SNIS. Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento, 2019.

ROTARY. Home Page do Rotary Internacional. https://www.rotary.org/