Informações com Assessoria de Imprensa

Com um EP e dois singles já lançados como projeto solo, o compositor mineiro Fernando Mascarenhas lança seu primeiro álbum hoje (30) e traz o melhor do indie pop cancioneiro. Com raízes cravadas em 1966, quando os Beatles lançaram Rubber Soul e os Beach Boys responderam com Pet Sounds, Dizperto foi criado para quem gosta de ouvir um disco do início ao fim. Cada canção é um universo que se complementa no todo. Ouça: https://tratore.ffm.to/dizperto

Como uma viagem entre influências da MPB, do jazz, do rock e até da música eletrônica, os acordes acabam reverberando uma sonoridade mineira, calcada nas criações de Lô Borges, Beto Guedes e toda a trupe do Clube da Esquina, movimento que nasceu nas esquinas do bairro Santa Tereza, onde Fernando vive em Belo Horizonte. As 14 músicas do álbum foram compostas por ele ao longo dos últimos cinco anos, desde que a banda da qual fazia parte, Paquiderme Escarlate, terminou. “Não foi simples me tornar um artista solo do dia pra noite, por isso o período de gestação do álbum foi relativamente longo. O que acabou contribuindo para que eu tivesse certeza de quando gravar. Decidi que meu primeiro álbum só sairia quando ele me fizesse sentir que poderia ser um clássico instantâneo em potencial”.

Registrado durante a pandemia, o pontapé inicial foi quando ele compôs a faixa Dia 37, que abre o disco, no trigésimo sétimo dia de quarentena. “A introspecção forçada me fez perceber, quando compus essa música sobre a minha experiência no começo da quarentena, que várias canções que eu havia composto dois, três ou quatro anos atrás faziam sentido para a situação mundial em 2020. Isso me ajudou a escolher 14, dentre 20 cogitadas, pois se completavam e dialogavam entre si: todas elas, de alguma forma, têm um tema central, expresso pelo trocadilho do título”.

Fernando fala ainda sobre a dificuldade de gravar um álbum em meio ao período de isolamento social, pois a gravação acabou acontecendo em casa. Para tanto, ele convidou o músico multi instrumentista Yuri Lopes para co-produzir com ele: “ele vestiu a camisa e é bastante responsável pela sonoridade da gravação, tanto quanto por tocar pelo menos um instrumento em todas faixas. Ficamos 25 dias seguidos quarentenados. Trabalhávamos cerca de 10/11 horas por dia, concebendo os arranjos juntos e experimentando novas sonoridades a todo momento. Foi especialmente interessante a experiência da imersão e de respirar isso 24 horas por dia durante quase um mês”, relembra.

Faixa a faixa

Dia 37, primeiro single lançado do disco, vem como um desabafo sobre a distância, a ausência e a solidão, e faz uma homenagem ao Arnaldo Baptista, “uma das minhas maiores influências”, afirma. E completa: “considero a faixa mais pesada do disco e a que tem a influência do jazz aparecendo de forma mais clara”.

Mineiro da gema, Fernando já viveu em São Paulo e Cidade fala sobre esse período. Além disso, é uma das faixas mais políticas de Dizperto. “Expresso a minha sonoridade mais rock’n’roll, quase punk. A canção serviu para definirmos como soaria a bateria eletrônica presente no álbum todo”.

Bilhete é a balada de amor do disco e talvez umas das mais explicitamente pop. Escrita em 2016, a motivação foi uma experiência de um namoro à distância, escrita para a atual namorada do artista. Mas, em meio a pandemia, com as relações pessoais vivendo uma espécie de quebra, fez total sentido estar no álbum. Já a sonoridade, Fernando foi buscar inspiração pelos hits de rádio, influenciado por Oasis e pelos conterrâneos do Skank.

Na sequência vem Cigana, escrita em parceria com Bernardo Guerra, na Ilha de Boipeba (BA), em 2019. Como tema ela traz o esoterismo como ponto central e a consciência de unidade, como o encontro do rio com o mar. “Nela pude expressar toda minha admiração pela música brasileira, abusando da percussão flertando com a música criada no Nordeste, bossa nova e uma pitada de Liverpool”.

A Barragem reforça o cunho político que se percebe ao longo do álbum. Como o nome sugere, a faixa traz para o primeiro plano a tragédia do rompimento das barragens em cidades de Minas Gerais. “Fala sobre o descaso que houve com as vidas perdidas e na letra há um diálogo com um empresário que ‘só queria lucrar’. A bateria foi executada para criar uma atmosfera industrial e a sonoridade mais pesada torna a aparecer, quase flertando com o metal”.

Apontada por Fernando como “a canção mais mineira do álbum”, É Estranho traz na letra uma característica filosófica e, segundo o compositor, foi escrita como um consolo, para servir para quem estivesse passando por uma situação difícil. “Nesta música deixei ventar os ares do bairro Santa Tereza, onde vivo. E faço uma homenagem ao Clube da Esquina, em especial Milton e Lô com uma sonoridade que faz alusão às montanhas, seja a Serra do Curral e Belo Horizonte ou mesmo os andes, que tentamos traduzir em um solo de flautas”.

Pernoite é inspirada “em uma vivência que tive de me perder no meio do mato”. E neste contexto, reflete sobre ter que se virar sozinho e o quanto isso pode ser libertador. Nela, Fernando deixa claro que também é influenciado por ritmos latinos e faz fluir seu lado mais dançante.

De cunho autobiográfico, Crônicas de uma família comum brasileira, traz citações de familiares do compositor, “mas nas entrelinhas, é sobre luta de classes. Falo sobre o que foi crescer numa família de classe média baixa”. Sonoramente aparece novamente a influência da MPB nos versos e do jazz no solo final.

Mágica é uma canção sobre a vida moderna e traz a influência do indie rock dos anos 2000, além de transitar pela surf music e eletrônico. “Muitas vezes as pessoas tentam aparentar ter uma vida mágica, mas o que eles realmente estão fazendo é assistindo TV, o noticiário, obsessivos com seus telefones”.

Paisagem urbana discorre sobre ser um cidadão comum, pegando o ônibus às 6h da manhã, trabalhando em fábricas, longe da natureza e também tem teor autobiográfico. “Há uma certa melancolia expressada pelos bandolins e novamente uma atmosfera industrial na bateria, uma canção que sinto que consegui equilibrar de um jeito interessante a MPB, o rock e o eletrônico”.

Tanto faz traz no tema uma espécie de continuação da canção anterior, uma vez que o eu lírico se cansa da vida burocrática e sistêmica e decide deixar a cidade. Sonoramente há uma fusão do folk e do bluegrass com o pop eletrônico, com destaque para o banjo e violão slide.

Inspirada por George Orwell, que escreveu o clássico Revolução dos Bichos, a música Cão foi concebida como uma mini ópera de três movimentos em um flerte com o rock progressivo psicodélico, em especial, Syd Barret. “Protagonizada por um eu lírico canino, é recheada de metáforas, gosto de pensar nos animais representando grupos sociais”.

A segunda música em parceria no disco é Tábua das Marés e Fernando repete a dobradinha com Bernardo Guerra. “Aqui trago os mistérios do universo sob o ponto de vista de alguém que observa o mar e pensa sobre a influência da lua neste. Deixo transparecer novamente a veia pop do disco com arranjo de slide e harmonia de vozes”.

Para fechar vem Vou seguir, que traz influência da música oriental, para soar como um mantra pop. Fala sobre estar consciente, temática que sintetiza bem do que se trata ‘Dizperto’ e não por coincidência é a música que encerra o disco. “Nela também aparece o instrumento mais inusitado do disco, um setar persa executado com maestria por Yuri Lopes”.

OUÇA: https://tratore.ffm.to/dizperto

SOBRE FERNANDO MASCARENHAS

Fernando Mascarenhas é mineiro, cantor, compositor e multi-instrumentista. Após ter participado de diversas bandas, inicia sua carreira solo em 2015 com o EP Ascensão & Queda. Os anos seguintes foram marcados por lançamentos de singles como Festa, bolo, velas e palmas (2017) e Espera (2020). Seu primeiro álbum, Dizperto, será lançado em 2021 e contará com 14 faixas de sua autoria.