Gus Benke/Divulgação

Em pleno ano de 2022, do século XXI, ainda é importante evidenciar a causa das mulheres. E, de uma forma sensível e delicada, o teatro-ballet-espetáculo da peça Corpos Instáveis, de Ane Adade e Patrícia Machado, emite essa força, levando ao palco o cotidiano de seis mulheres que trabalham nos  bastidores do famoso Teatro Guaíra de Curitiba. Elas tecem, limpam, alinhavam, costuram, projetam, correm e se debatem para tornar o show inesquecível.

Um dos destaques do espetáculo é o desempenho das seis bailarinas criativas –  Ane Adade, Deborah Grossmann, Gal Freire, Marcela Pinho, Nayara Santos e Patrícia Machado – que além de atuarem e algumas tomarem a frente da peça, pesquisaram a vida das personagens reais, em uma dramaturgia muito bem pensada e pesada por Nadja Naira. Elas realmente dão vida às trabalhadoras do teatro, com uma desenvoltura invejável ao encarnarem os corpos alheios em uma história que, embora tivesse tudo para ser dramática, ressalta as cores do entretenimento.

Tem encenação? Tem. Tem drama? Também. E diversão com pegadas de comicidade? Em uma ótima medida! E é tudo isso que diferencia tanto a sororidade dos momentos retratados no palco. Elas cantam maravilhosamente lembrando musicais hollywoodianos, dançam magicamente e demonstram um domínio de cabeça, tronco e membros sobre o que está sendo mostrado como quem viu, conhece e representa com orgulho aquelas vidas até então invisibilizadas.

Mas por que é necessário mostrar essas mulheres invisíveis?

Simplesmente porque sem elas o espetáculo não acontece. Em um país como o Brasil, com desigualdades sociais e de gênero gritantes, ressaltar a presença dessas mulheres profissionais invisíveis joga luz sobre realidades tão fundamentais e esquecidas.

Muitas, inclusive, sonharam antes em estar onde estão, demonstrando o significado que o palco tem para o imaginários de muitas pessoas expostas às mutações e realizações que a arte impulsiona.

Em outras palavras: a apresentação transforma uma rede oculta do teatro em cena principal, em um jogo de pernas e movimentos fortes, belos e inesquecíveis. Vale a pena cada minuto com elas para conhecer suas histórias de mulheres do teatro!

 

Não perca as próximas apresentações!

Sexta 20h

Sábado e Domingo 16h e 20h

Até 29 de maio

Gratuito

Local: Teatro José Maria Santos – Curitiba

 

*Josi Quevedo é jornalista, Mestre em Comunicação e Informação, Doutora em Políticas Públicas e assessora de imprensa na Smartcom Inteligência em Comunicação.